Mais de um mês após ter sido dado como refugiado em parte incerta, em consequência do ataque à base da Renamo em Santundjira, na província de Sofala, a 21 de Outubro passado, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, reapareceu e assegurou, publicamente, esta segunda-feira (25), em Maputo, que o seu líder Afonso Dhlakama, com quem fugiu no dia do “assalto”, está em Moçambique, em boa saúde e em breve voltará a falar para o povo e para o mundo.
Manuel Bissopo, que é igualmente deputado da Assembleia da República (AR), vivia em parte incerta com o seu líder. Na sua aparição, disse o facto de a Frelimo ter mandado atacar Santundjira é uma grande prova de que os argumentos apresentados por Afonso Dhlakama para não sair daquele local eram reais.
Durante muito tempo, Dhlakama condicionou a sua saída de Santundjira para um eventual encontro com o Chefe do Estado à retirada das Forças de Defesa e Segurança daquela região alegadamente porque as mesmas forças poderiam tentar assassiná-lo ou efectuar um ataque contra os seus homens, ou ainda, estes perpetrariam desmandos na sua ausência.
No dia do ataque, de acordo com Manuel Bissopo, “o presidente da Renamo retirou-se da sua residência para evitar danos humanos. Saiu a andar e deixou os seus bens. As casas e a sua sala de conferência foram queimadas.”
A fonte garantiu que o líder da Perdiz não abandonou o país tal como defendem algumas correntes de opinião, pelo contrário, está em Moçambique e acompanha o desenrolar dos acontecimentos da vida política, económica e social. “A Renamo e seu presidente não querem guerra”, asseverou o secretário-geral, reafirmando que dentro de alguns dias Afonso Dhlakama “voltará a falar ao país e ao mundo através da Imprensa porque ele não é uma pessoa que pode ficar muito tempo sem falar convosco ”.
Sobre a morte do deputado da Renamo, Armindo Milaco, na sequência do ataque à base de Santundjira, Bissopo explicou que aquele foi atingido por estilhaços de armas de fogo de calibre pesado usadas pelas Forças de Defesa e Segurança no tal dia. No meio do fogo cruzado, os homens da Renamo ainda tentaram socorrer o chefe de Mobilização Nacional da Renamo, mas já era tarde.
Dispostos a continuar o diálogo
Mesmo lamentando o facto de o diálogo com o Governo não estar, até agora, a ser produtivo, o secretário-geral da Renamo reafirmou que o seu partido está disposto a voltar para as conversações. “O grupo da Renamo voltará à mesa com mediadores e observadores nacionais e estrangeiros”. Nesta senda, Bissopo mencionou as Nações Unidas, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a União Europeia como possíveis entidades a integrarem no diálogo. Mas a par disso, disse que “se a Frelimo não quer negociar seriamente que nos diga para toda gente saber”.
Manuel Bissopo foi o primeiro a chefiar a delegação da Renamo no diálogo com o Governo, em 2012, mas na altura, tal como sucede actualmente as partes não chegaram ao consenso e as rondas foram interrompidas. Este ano, em Maio, quando as partes decidiram retomar as negociações a pedido da Renamo, o líder desta força nomeou outro chefe da equipa, o deputado Saimone Macuiane.