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Autárquicas 2013: Araújo encerra campanha um dia antes da data

O campo da Sagrada recebeu neste sábado (16) a última acção de campanha de Manuel de Araújo, depois de uma passagem tumultuosa por Gúruè na véspera. O candidato à edil acusou a Frelimo de fazer chantagem ao “apropriar-se” das realizações do seu mandato. O showmicio estava marcado para às 15h, mas começou 20 minutos depois das 16h.

A cerimónia de graduação dos estudantes da Universidade Católica de Moçambique “roubou” uma boa parte do tempo que estava previsto para interacção com potenciais eleitores. Mas nem por isso os eleitores arredaram o pé do local de encontro. Às 14 horas as bancadas já não tinham literalmente espaço para uma agulha.

Os que chegaram depois disso tiveram de se contentar com um lugar no rectângulo de jogo para ouvir aquele que se intitulou, neste processo autárquico, “o puto mais fofo da África Austral”. Manuel de Araújo acusou o governador da Zambézia de atacar as realizações da edilidade “com um filme sem sentido”.

Aliás, “se uma mulher vive 38 anos com um homem sem filhos e depois sai de casa e encontra um jovem com quem vive nove meses e gera uma criança é justo que o anterior marido diga que o filho é dele”, questionou aos cerca de 20 mil cidadãos que participaram do seu último dia de campanha.

“Os ladrões foram descobertos e agora prometem coisas que não fizeram em 38 anos. Eles dizem que Quelimane não mudou. Mas quando chovia vocês saiam de casa”, questionava ao público que respondia em coro: “não”.

A perseguição movida contra si em Gúruè “foi para fazer uma chantagem inadmissível contra a escolha livre e democrática do povo quelimanense acenando com o papão de uma agressão inventada pela TVM, como se eu fosse um arruaceiro sem mais o que fazer”, O candidato apoiado pelos ciclistas, jovens e até senhoras idosas apelou ainda à mobilização do seu eleitorado, num discurso inflamado, em que pediu o levantamento do “povo marginalizado pela Frelimo nos últimos 38 anos”.

O discurso mais violento contra a Frelimo ficou para o fim da sua intervenção a quem acusou de não sabe viver em democracia. Contrapondo que a drenagem “não é obra do seu mandato” falou de uma cidade que foi durante muito tempo uma fábrica de produção de ratos.

“Veríssimo olha para nós como um ditador ofendido com o atrevimento da populaça e diz-nos que as estradas reabilitadas, os buracos que já não existem, os traços no asfalto para bicicletas, as reabilitações de mercados significam pouca coisa. E porquê a Frelimo não fez essa pouca coisa em 38 anos”, reagiu.

Logo depois de terminar o comício, Manuel de Araújo saiu acompanhado pelo público até a sede do seu partido na periferia de Quelimane. A marcha decorreu lentamente. @Verdade falou com as pessoas para auscultar as suas motivações. Uma senhora de 56 anos de idade, de nome Luísa Juvêncio, que caminhava descalça disse-nos que marchava pelo futuro dos seus netos.

“Quelimane mudou muito nestes dois anos. Não são só os jovens que estão com o MDM. Nesta marcha há muita gente da minha idade”, esclareceu. Depois de um percurso que durou uma hora a percorrer cerca de três quilómetros, Araújo fechou o seu último dia de campanha no lugar onde fez o seu primeiro discurso há dois anos.

As palavras não mudaram, mas a plateia, essa, cresceu. Estavam cinco mil pessoas quando a marcha terminou para ouvirem a célebre máxima do candidato da camisa azul: “os ladrões foram descobertos”.

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