Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Consumidores da EDM em permanente perigo de morte

Consumidores da EDM em permanente perigo de morte

De 31 de Outubro a 01 de Novembro em curso, houve um corte de energia eléctrica na província de Inhambane, o qual criou prejuízos até aqui não quantificados nem qualificados. O grosso dos consumidores nunca vai reclamar a quem o deve indemnizar, ou porque não conhecem os seus direitos, ou sabem disso, mas acham que não vale a pena lá ir outra vez, pois as anteriores queixas não trouxeram resultados nenhuns. Será supérfluo dizer que as casas de pasto, que jamais sobreviverão sem energia, sofreram bastante com este apagão que durou cerca de vinte e quatro horas. Porém, não foram só eles, o mal degenerou para todos, que ficaram horas e horas sem que ninguém os informasse do que estava a acontecer.

Sabe-se que na maior parte das vezes em que não há energia, a empresa Electricidade de Moçambique (EDM) não comunica a ninguém. Entretanto, no caso de Inhambane, não havia meios para fazer chegar qualquer comunicado aos consumidores, porque as próprias rádios e televisões precisam de energia para funcionarem. Mesmo se estes aparelhos estivessem equipados com geradores automáticos, tudo redundaria em zero porque ninguém iria sintonizar nada sem corrente eléctrica. E, sendo assim, o que restava àqueles que pagam os seus consumos acrescidos de impostos, era esperar. Nervosamente. Numa altura em que a impaciência já tomou conta dos moçambicanos.

O corte verificou-se por volta das 19h:00 de 31 de Outubro e o trestabelecimento foi feito cerca das 17h:00. Só depois é que ouvimos a voz de um responsável da Electricidade de Moçambique em Inhambane a explicar aos utentens que a interrupção deveu-se a uma avaria registada no troço Chicumbane-Lindela, sem especificar com exactidão o local. A demora no restabelecimento, segundo ainda aquele funcionário, deveu-se às dificuldades encontradas para localizar o ponto atingido por um raio durante as fortes chuvas caídas durante aquele dia.

Mas não será exactamente isto que nos move a escrever este texto, muito embora nos comova o facto de ficar sem energia quase vinte e quatro horas. É deveras inadmissível numa altura destas em que a tecnologia comanda a vida das pessoas e a vida das máquinas. E quando não há energia, sobretudo à noite, subjaz, imediatamente, o temor de poder acontecer o pior, accionado pelos amigos do alheio. Aliás, lembramo-nos, agora, de um corte de energia havido em Nova Iorque, na década de 80. Foram 30 minutos inesquecíveis. O maior supermercado da cidade foi assaltado e, quando a corrente foi restabelecida, os proprietários encontraram apenas um sapato de bico alto, de mulher, que caiu na devassa. Tudo o resto foi saqueado.

É isso: tudo isto nos leva a fazer uma apreciação sobre a forma como os postes de energia eléctrica da cidade de Inhambane são predispostos, mormente os que transportam corrente de média tensão. No troço entre Nhapossa e Xivanene, há uma rua cujo tracejado não se percebe muito bem, pois faz uma espécie de serpente, passando por debaixo de cabos de baixa tensão. A informação que temos é de que a Electricidade de Moçambique indemnizou as pessoas afectadas pela passagem do projecto de electrificação, mas essas zonas não estão totalmente livres, com todos os perigos que isso representa.

A nossa Reportagem dirigiu-se, na última terça-feira, 05 de Novembro corrente, à Electricidade de Moçambique da província de Inhambane para perceber o que se estará a fazer com vista a evitar-se uma tragédia, amanhã.

Infelizmente não obtivemos nenhuma informação oficial porque o director da área operacional está em Maputo, e só na próxima semana é que poderemos falar com ele. Mas há casos mais do que óbvios, perante os quais não podemos ficar calados, à espera que o director volte de Maputo. Aliás, na capital país acontece, também, a mesma coisa: as pessoas que devem dar informação de interesse público à Imprensa nunca estão nos seus gabinetes.

No limite entre o bairro de Muelé e Malembuane, há um caso flagrante – conforme documenta a imagem – de uma residência que alberga no seu quintal um posto de transformação, vulgo PT. Ficámos estarrecidos quando nos deparámos com aquela situação, por toda a carga de sinistralidade que ela transporta. Colocámos esta questão ao subistituto do director, mas este não podia dizer nada, sem autorização. Mas ficámos a saber, por fontes não oficiais, porém, ligados à Electricidade de Moçambique, que o visado quando construiu a sua residência já lá estava o PT.

Telefonámos para proprietário da referida casa e perguntámos se sabia ou não do perigo de morte que corre a todo o momento, vivendo ali. “Tenho consciência plena disso, este caso remonta há cinco anos e a resposta que tenho da Electricidade de Moçambique é de que para se remover o PT são necessários custos elevados, para além de outros transtornos que isso traz”.

Este cidadão vive com a família, que inclui crianças, alheias à ameaça vigente. “Nunca encontrei sossego desde que estou aqui, receio que a qualquer momento possa acontecer alguma coisa. Agora que estou a falar com o senhor estou fora de casa, sei que as crianças brincam por perto daquele “monstro”. Sou um ser humano em pleno uso das suas faculdades mentais. Não tenho como ignorar isso. Não sou nenhum cão”.

Enquanto não falamos com o director da área operacional de Inhambane, que está em Maputo, alertamos para esta situação de consequências imprevisíveis em caso de explosão, ou fuga de corrente. Aliás, ainda este ano, registou-se um rebentamento de um PT na zona de Nhapossa, que não causou vítimas humanas por estar numa zona longe de residências, mas criou pânico. As pessoas esquecem-se com facilidade, ou ignoram que amanhã pode acontecer o mais grave. É por isso que, ao longo da estrada que dá acesso à cidade, a partir de Nhapossa, há barracas para negócios que são montadas por debaixo de cabos de baixa tensão, o que é perigoso. Há ainda um estaleiro construído a menos de cinco metros de um PT, ainda em Nhapossa, e os homens de piquete da Electricidade de Moçambique passam por ali quase todos os dias mas nada fazem.

Entretanto, ainda as mesmas fontes não oficiais a que nos referimos anteriormente, confidenciaram-nos que as pessoas são avisadas sobre os perigos, mas ignoram os apelos dados. E aqueles que deviam usar, quanto a nós, meios coersivos para salvar vidas, ficam-se “nas tintas”. Porque se não se ficassem “nas tintas”, fariam algo para amanhã não derramarem lágrimas de crocodilo. Já bastam os cortes constantes que criam revolta e dor nos consumidores. Ninguém está interessado nas mortes.

Não se sabe se o caso estará ligado aos cortes constantes de energia ou não, o que se pode dizer é que na semana passada, a casa oficial do administrador da Maxixe pegou fogo, tendo ardido completamente sem que ninguém pudesse travar as chamas que lavraram tudo. Felizmente não aconteceu, pois toda a família sobreviveu, tirando um grande susto e pequenos ferimentos no casal que teve de ser internado, mas sem carecer de grandes cuidados médicos. Ninguém sabe dizer com exactidão o que terá provocado o incêndio, porém pensa-se que pode ser resultado de um curto-circuito.

Festival do tofo entre receios

Esperava-se uma maior avalanche, o que não veio a acontecer. As pessoas não se mostraram muito motivadas. Primeiro pelo receio do mau tempo que tinha sido anunciado pela previsão meteorológica, depois porque os ataques militares que se verificam na zona Centro do país, nunca se sabe quando é que podem chegar a outros lugares. Por isso há aqueles que preferiram ficar em casa. Contudo, houve festa, de cultura, que é uma das principais portas para o turismo.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts