Assane Atumane, de 24 anos de idade, residente no bairro de Muhala-Expansão, arredores da cidade de Nampula, encontra-se preso por ter aliciado quatro adolescentes de 16 anos de idade cada, para se submeterem a um tratamento tradicional que visava expurgar a má sorte, expulsar os maus espíritos que lhes apoquentam a fim de contraírem matrimónio e prosperarem na vida.
As vítimas, cujos nomes omitimos propositadamente, frequentam um dos estabelecimentos de ensino secundário em Nampula. Segundo elas, para lograr os seus intentos, o falso “bruxo”, por sinal colega de escola, disse que possuía raízes que podiam livrar as meninas do infortúnio que afectava as suas vidas. O visado vacinou a língua, os seios e os órgãos genitais das meninas.
Entretanto, o medicamento só podia reagir rapidamente se as raparigas mantivessem relações com Assane Atumane. Este, para além de exigir 15 mil meticais pelo remédio administrado, começou a chantagear as raparigas, uma vez que três delas negaram ser submetidas ao tratamento da forma como o curandeiro pretendia.
Perante a insistência do jovem, as adolescentes cederam e, volvido algum tempo, ele quis repetir a terapia, ou seja, ir novamente à cama com as miúdas. E caso as suas pacientes negassem o que pretendia, as famílias das mesmas tomariam conhecimento de que elas recorreram a um tratamento tradicional para arruinar a vida dos pais e de outros parentes.
Agastada com a chantagem, uma das adolescentes quebrou o silêncio e contou aos progenitores o que estava a acontecer. Foi assim que a Polícia tomou conhecimento do acontecimento e deteve Assane Atumane.
O visado assumiu que dormiu somente com uma rapariga alegadamente sua namorada há bastante tempo. Ele confessou também que não é médico tradicional, mas sim o seu pai, de quem aprendeu algumas formas de administrar raízes nas pessoas para curar certas enfermidades.
Miguel Bartolomeu, porta-voz da PRM em Nampula, disse que na posse do individuo foram encontradas algumas drogas que supostamente serviam de medicamento, objectos cortantes e três mil meticais cobrados às vítimas.