O Congresso Nacional Africano (ANC) venceu as eleições gerais de 22 de abril na África do Sul com 65,9% dos votos, assegurando a presidência do país a seu líder, Jacob Zuma, mas sem conseguir a maioria de dois terços, segundo dados definitivos anunciados neste sábado pela Comissão Eleitoral Independente (CEI).
“Com 100% das cédulas apuradas, o antigo movimento de luta contra o regime do apartheid conseguiu 65,9% dos votos”, anunciou neste sábado a (CEI). Apesar de ter ficado com menos dos 70% obtidos em 2004, a ANC conseguiu uma ampla vantagem sobre seu principal rival, a Aliança Democrática, que conseguiu 16,68% dos votos, seguida do Congresso do Povo, formado por dissidentes do ANC, com 7,42%.
A taxa de participação nos comícios foi de 77,3% do total de 23 milhões de eleitores inscritos, ou seja 17,9 milhões de pessoas, destacou a comissão eleitoral. A ANC, no poder desde o fim do regime do apartheid em 1994, não terá nenhuma dificuldade para que seu controverso líder, Jacob Zuma, seja eleito presidente quando o novo Parlamento se reunir em 6 de maio.
Para eleger Zuma, a bancada do ANC precisa de apenas a metade dos votos. No entanto, o partido de Zuma ficou a um passo da maioria de dois terços que o teria permitido levar adiante mudanças constitucionais.
A sua rival mais direta, a opositora Alianza Democrática, conseguiu pela primeira vez uma maioria decisiva na província do Cabo Ocidental, que inclui Cidade do Cabo. Os jornais sul-africanos já destacaram sexta-feira que Zuma seria, sem dúvida, o próximo presidente, mas que tinha a obrigação de manter o legado de Nelson Mandela (presidente de 1994 a 1999 e Prêmio Nobel da Paz) frente aos gigantescos desafios que tem pela frente. “Se ainda não está assustado com a dimensão do desemprego, a pobreza e a criminalidade, e pelas carências em termos de educação, logo ficará”, afirmou a revista Mail and Guardian no seu editorial. “Ele pode entrar para a história como o homem que traiu o legado de Madiba (Mandela), ou o que cumpriu com sua promessa”, acrescentou.
O descontentamento pela falta de avanços em termos de serviços públicos e as crises políticas dos últimos anos, assim como o escândalo que envolveu Zuma, levaram um recorde de 23 milhões de pessoas a se registrar para votar, segundo analistas.
As urnas repletas e as filas enormes evidenciaram o interesse generalizado da população, lembrando as primeiras eleições democráticas multirraciais de 1994, quando Mandela se tornou o primeiro presidente negro depois de décadas de domínio da minoria branca. Os partidários de Zuma começaram a celebrar nas ruas de Johannesburgo sua anunciada vitória na noite de quinta-feira.