A coligação política moçambicana, Oposição de Mãos Dadas (OMD), não irá participar nas próximas eleições autárquicas marcadas para o dia 20 de Novembro por considerar que não há condições para a sua realização devido à tensão político-militar que se vive no país.
De acordo com o líder desta coligação, Francisco Campira, que falava esta quarta-feira (24), em Maputo, em conferência de imprensa, essa posição foi tomada após o encontro que o grupomanteve, semana passada, com o líder da Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, no qual as partes concluíram não haver condições, em Moçambique, para a realização de eleições.
Recorde-se que a Renamo já anunciou, repetidas vezes, que não irá participar nem permitir a realização das eleições no país enquanto não for revista a Lei Eleitoral de modo que esta estabeleça o princípio de paridade na composição dos órgãos eleitorais, nomeadamente a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
Entretanto, para a OMD, para além da situação política tensa do país, o que desmotiva a sua participação nas autarquias é a “desorganização” que está a acompanhar o processo eleitoral. “O processo de gestão eleitoral está desorganizado, sendo que os prazos previstos no calendário eleitoral estão desajustados, o que comprometerá o cumprimento pleno dos prazos”, afirmou.
No entender daquela coligação política, o processo de recenseamento eleitoral, que esta terça-feira (23) teve seu término, registou pouca afluência dos cidadãos e os resultados deste facto serão as abstenções que, segundo prevê, atingirão os 85 porcento.
Importa referir que há menos de duas semanas do término de recenseamento, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) veio ao público reconhecer a sua incapacidade de atingir em 100 porcento o número de eleitores inicialmente previstos, tendo remarcado uma meta de 75 porcento.
“Em condições normais, o país tem tido um nível de abstenções na ordem de 65% e, tendo em conta a tensão político-militar e a desorganização que se vive nos órgãos de gestão eleitoral (CNE/STAE), o volume de abstenções atingirá os 85%,” aponta Campira, assinalando que deste modo “os presidentes dos conselhos municipais e membros das respectivas assembleias serão eleitos por menos de 20% dos potenciais eleitores, o que, na nossa óptica, não poderá credibilizar estas eleições.”
Como último argumento para a não entrada na corrida das eleições autárquicas, a Oposição de Mãos Dadas alega a “falta do acordo político, nas actuais negociações entre o Governo e a Renamo.”