A Polícia da República de Moçambique (PRM) continua sem pistas para deter os sequestradores que voltaram a criar um clima de pânico entre a Comunidade muçulmana e hindú na capital moçambicana. Entretanto, na terça-feira passada, um cidadão de nacionalidade portuguesa também foi sequestrado, de dentro do seu escritório na baixa de Maputo.
Esses casos seguem-se aos outros três ocorridos nos dias 04 e 05 de Julho em curso: dois cidadãos, ainda em poder dos malfeitores, foram igualmente sequestrados em Maputo. Tratam-se do proprietário de um loja denominada Omar Trading e do é filho do dono de um empresa de ferragens, a Socoal, identificado pelo nome de Arshad Abdala. A terceira vítima é uma cidadã sobre a qual poucos dados conseguimos apurar.
Sobre os casos mais recentes o Comando da PRM, na Cidade de Maputo, indica que a primeira vítima foi sequestrada cerca das 23 horas do dia 16, sendo que os protagonistas foram indivíduos alegadamente provenientes da Suazilândia, que se faziam transportar em duas viaturas, uma de marca Toyota Land Cruiser e outra Toyota Surf, cujas chapas matrículas não foram identificadas. Segundo as nossas fontes esta vítima é um comerciante da área de vestuários da terceira idade e foi sequestrado a saída de uma mesquita.
Relativamente ao segundo caso, ocorrido no dia 17 de Julho, no bairro Central “A”, na Avenida Eduardo Mondlane, uma cidadã de 40 anos de idade, irmã do proprietário do estabelecimento comercial “SSS”, foi sequestrada por quatro indivíduos também não identificados.
Já o cidadão português, identificado pelo nome de José Tavares, sócio de uma empresa de capitais portugueses, a Dincore Comércio Alimentar Lda, foi sequestrado do seu próprio escritório onde estava a trabalhar por indivíduos desconhecidos que conseguiram ludibriar a segurança do local.
Sequestros passados ainda sem mandantes
Este ano, o relatório anual da Procuradoria-Geral da República de Moçambique (PGR) destacou que também que o país continuou, em 2012, a registar, com incidência nos grandes centros urbanos, casos de roubos caracterizados por raptos seguidos de pedido de resgate. Em conexão com este tipo de crimes, a procuradoria instruiu um total de 14 processos com, pelo menos, 21 supostos raptores em prisão preventiva. Os sequestradores, de acordo com a PGR, podem ter conseguido amealhar mais de 10 milhões de dólares de resgates em 2012.
Recorde-se que em Agosto do ano passado, aquando da agudização dos sequestros em Maputo e Matola, a Comunidade Muçulmana, agastada com a situação e contestando a letargia, indiferença e inoperância do Governo, sobretudo da Polícia, perguntou se não existiam outros empresários, proprietários de estabelecimentos comerciais que não sejam muçulmanos, hindus ou ismaelitas. Eis que, em jeito de reposta, os sequestradores já têm como vítimas também cidadão e empresários de origem portuguesa.