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Docentes universitários devem ser mestrados ou doutorados

O Governo de Moçambique deseja que nos próximos cinco anos 75 por cento dos docentes universitários sejam detentores de graus de mestrado e doutoramento. Para o efeito, o Governo aprovou hoje, durante a oitava sessão do Conselho de Ministros realizada em Maputo, a Estratégia de Formação do Corpo Docente para as instituições do Ensino Superior.

Segundo Covane, será criado um comité de certificação de pós-graduação para assegurar a qualidade da formação dos docentes. “Queremos massificar a formação de professores universitários. Mas também queremos garantir que sejam professores com qualidade.

Nesta formação não vamos atender apenas aspectos específicos da área de formação, pois também será privilegiada a área pedagógica” disse. A estratégia ora aprovada pelo Governo não vem, apenas, resolver o problema da falta de docentes universitários no país, mas também estabelecer exigências qualitativas para a admissão de docentes para o ensino superior.

“Queremos acabar com aquelas situações em que uma pessoa, após a conclusão da sua licenciatura era recrutada para integrar o corpo docente, sem antes passar por monitor e depois para assistente. Hoje, uma universidade abre, e a seguir recruta os primeiros licenciados para leccionarem. Com a nova estratégia, pretendemos estabelecer mecanismos para a admissão de docentes para as instituições de ensino superior” explicou.

“O docente universitário para além de transmitir o conhecimento adquirido como estudante e durante as suas consultas bibliográficas, ele é um produtor de conhecimentos. Uma parte da sua actividade deve ser feita na área de pesquisa, e a pesquisa exige concentração, permanência nas bibliotecas e confrontos com outros académicos em seminários, conferências e em colaborações com revistas científicas. Para garantir que eles cumpram o seu papel vamos aumentar a oferta” explicou.

Dados apurados pela AIM referem que a maioria dos docentes das universidades moçambicanas possui apenas o grau de licenciatura. A Universidade Eduardo Mondlane, a maior e mais antiga instituição do ensino superior em Moçambique, possui um quadro composto por 842 docentes, dos quais 465 são licenciados, 134, mestrados e 163 doutorados.

Na Universidade Pedagógica (UP) existem 301 docentes licenciados, 57 mestrados e 45 doutorados, enquanto que o Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) conta com cinco doutorados e 20 mestres, bem como 34 licenciados. Estes números, segundo o porta-voz do Governo, Luís Covane, reflectem a situação do país.

Actualmente, as instituições públicas partilham os seus docentes com o grau de mestrado e doutoramento com as universidades privadas, que na sua maioria estão desprovidos de um quadro docente qualificado. Com a proclamação da independência em 1975, Moçambique entrou numa era de massificação do ensino superior, ao mesmo tempo que se registava no país um êxodo de professores portugueses. Na altura, poucos moçambicanos tinham qualificações para leccionar.

Devido a crise, Moçambique viu-se forçado a transformar em professores universitários estudantes recém graduados com o nível de licenciatura, uma situação que ainda hoje se mantém, quando o país já conta com cerca de 40 instituições de ensino superior.

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