Vítimas sírias tratadas na Turquia demonstraram sinais de terem sido vítimas do uso de armas químicas, disse o chanceler turco nesta sexta-feira, contribuindo para as indicações de que a “linha vermelha” do presidente norte-americano, Barack Obama, sobre o uso de tais armas foi ultrapassada.
Cientes das informações falsas de inteligência usadas para justificar a guerra de 2003 no Iraque, os Estados Unidos dizem que querem provas de que armas químicas foram usadas antes de tomarem qualquer ação na Síria. Mas, se as evidências forem confirmadas, aumentaria a possibilidade de intervenção ocidental contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, a fim de acabar com a guerra civil de dois anos, embora Estados Unidos e Rússia tentem trazer os lados para negociações de paz.
Na semana passada, a Turquia havia dito que estava examinando amostras sanguíneas de refugiados sírios feridos para apontar se houve uso de armas químicas. Em visita nesta sexta-feira a Amã, na Jordânia, o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, disse que os primeiros resultados indicaram que houve, mas que “para garantir e verificar vamos continuar esses exames, e partilharemos esses exames com agências da ONU”.
“Sabemos que o regime sírio tem arsenais …, e todo mundo sabe que o regime sírio tem essa capacidade”, disse ele. “É claro que essa é uma das nossas maiores preocupações, porque as armas químicas são uma ameaça contra a humanidade e um crime.”
Obama disse em agosto que o uso de armas químicas na guerra civil síria seria um limite inaceitável, e o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, declarou posteriormente que tal limite já foi ultrapassado “há muito tempo”.
“Há pacientes que são trazidos aos nossos hospitais que foram feridos por essas armas químicas”, disse Davutoglu à TV NBC. “Dá para ver pelas queimaduras quem é afetado por mísseis químicos.”
A Síria nega usar armas químicas no conflito, mas no mês passado fontes governamentais norte-americanas disseram que amostras de sangue e de terra vindas da Síria apontavam para o uso do gás de nervos sarin.
Enquanto o mundo delibera, um conflito que já matou 70 mil pessoas segue desenfreado. Nesta sexta-feira, um bombardeio governamental matou 25 pessoas na localidade de Halfayeh, na região central, segundo ativistas da oposição.