Enquanto os Estados Unidos trabalham pelo fim do embargo armamentista da ONU à Somália, os monitores da entidade internacional alertam que os militantes islâmicos desse país africano estão a receber material bélico de redes vinculadas ao Iémen e ao Irão, disseram os diplomatas à Reuters.
As preocupações da equipe de monitoramento de sanções do Conselho de Segurança da ONU sobre as conexões iranianas e iemenitas do grupo islâmico Al Shabaab ocorre num momento em que o governo do Iémen pede a Teerão para que deixe de apoiar grupos armados em solo iemenita.
Mês passado, a guarda costeira do Iémen e a Marinha dos EUA apreenderam uma carga de mísseis e foguetes que o governo de Sanaa disse ter sido enviada pelo Irão.
Segundo as recentes conclusões dos monitores da ONU, a maioria das armas chega ao norte da Somália – ou seja, às regiões autónomas de Puntland e Somaliland -, e depois são transferidas para redutos da Al Shabaab mais ao sul.
Sob anonimato, os diplomatas do Conselho disseram que as armas são transportadas dentro do Iémen principalmente por redes de somalis. Os dois países são separados pelo golfo de Áden, através do qual é fácil transportar produtos – legais ou ilegais – do Oriente Médio até às regiões de Puntland e Somaliland.
“Em Galguduud (Somália central), a Al Shabaab recebeu armas, inclusive componentes para dispositivos explosivos improvisados”, disse um diplomata do Conselho de Segurança, referindo-se a um dos mais recentes relatórios confidenciais do Grupo de Monitoramento da Somália e Eritreia.
Vários outros diplomatas do Conselho confirmaram essas declarações. Outras armas fornecidas incluíam metralhadoras PKM, segundo o relatório mensal dos monitores relativo a Janeiro.
“Dado o histórico do Irão, tanto a respeito do apoio ao terrorismo quanto com respeito à proliferação , obviamente não seria surpresa nenhuma para nós se eles agora estivessem a tentar estabelecer uma causa comum com a Al Shabaab”, disse Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
De acordo com os diplomatas, os monitores são favoráveis a um abrandamento gradual do embargo armamentista à Somália, e não à suspensão total, como propõem os governos dos EUA e da Somália.
O Painel de Especialistas do Conselho de Segurança sobre o Irão, que fiscaliza as sanções a esse país, incluindo um embargo armamentista, também está a investigar os indícios de tráfico de armas do Irão para a África, segundo os diplomatas.
A missão do Irão na ONU não se pronunciou.