A Casa Velha da província de Nampula, Norte de Moçambique, uma instituição cultural de formação de talentos musicais, humoristas, dançarinos, artesãos, dentre outros, está, de há tempos para cá, a enfrentar uma crise de direcção e de financiamento.
Para além da falta de dinheiro para a implementação de vários projectos, há descoordenação entre os seus membros, facto que está a desmoronar aos poucos aquele organismo, de onde passaram artistas tais como Carlitos Namakhoto, Mele, Geraldo Constantino, carinhosamente tratado por Maneira, Fava, Lígia, Matias Namakhoto, Anifa, tantos outros.Por via dessa descoordenação, alguns jovens afectos à Casa Velha manifestaram-se apreensivos. Segundo eles, a crise de direcção deve-se ao facto de maior parte dos financiadores de projectos terem deixado de o fazer e, por sua vez, o governo de Nampula não aposta nos talentos que ali são formados.
A Casa Velha debate-se também com a falta de espaço apropriado para o desenvolvimento das suas actividades, uma vez que o local onde actualmente funciona pertence à Academia Militar e os proprietários já o reivindicam alegadamente porque pretendem construir residências para os militares ainda no activo.
O edifício não reúne condições para se trabalhar, uma parte é de material precário e a outra convencional. Quando chove o espaço fica alagado. As autoridades governamentais desta parcela do país já têm conhecimento do assunto e dizem que estão a procurar terreno para a construção de uma casa de raiz.
O governo local já não apoia àquela casa, mas sim, a Casa Provincial da Cultura. Aquela casa de cultura debate-se também com a insuficiência de material de trabalho, nomeadamente batuques, timbilas, dentre outro. O que existe já está em avançado estado de degradação. Por causa destes e outros problemas o coordenador deixou o seu lugar à disposição.
“Quando o antigo coordenar deixou a Casa Velha pensávamos que teríamos outro ambiente de trabalho, mas a situação está a piorar. A maior parte dos alunos que vinham participar das aulas de dança, teatro, musica e malabarismo e os professores, por exemplo, passaram para a Casa Provincial de Cultura”, disse Dovel Gonçalves, um dos jovens da área de dança.
O Coordenar Adjunto da Casa Velha de Nampula, Lurdio Tombo, disse que está ali desde 2007, altura em que frequentava a 7ª classe.
Não sabia praticar quase nada, mas se apaixonou pela capoeira e malabarismo e tem se dedica a essas duas artes. Nessa época Nessa funcionavam no Museu Nacional de Etnologia e os trabalhos decorriaram sem sobressaltos porque para além das doações da Espanha, Suíça e Alemanha havia apoio do governo local.
Mal os financiadores deixaram de o fazer começou o desentendimento entre os membros e os problemas agravaram-se.
“Abrimos as portas no dia 15 de Janeiro mas até agora só quatro membros. Trabalhar aqui está difícil nos últimos tempos porque os mais velhos deixaram a casa para os jovens e estes querem todos dirigir”, disse Lurdio Tombo.
Entretanto, Tombo disse que apesar da crise de direcção e de financiamento para a prossecução de vários projectos, a Casa Velha vai continuar a funcionar nas condições em que se encontra.