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Há muitas crianças por matricular no distrito da Manhiça

No distrito da Manhiça, norte da província de Maputo, há um número considerável de escolas primárias do primeiro e segundo graus que não conseguiram matricular as crianças que estavam previstas para o ano lectivo de 2013. Por um lado, os alunos e os pais e encarregados de educação apontam que há uma burocracia excessiva instalada nos serviços de Registos e do Notariado locais.

Faz com que haja demora na aquisição de documentos considerados imprescindíveis para efeitos de matrículas, tais como Certidão de Nascimento, sobretudo para os graduados das classes com exames e que, às vezes, são transferidos de uma escola para outra.

Por outro, as direcções de algumas visitadas pelo @Verdade responsabilizam os alunos e os pais e encarregados de educação alegadamente porque deixaram de regular o processo dentro do prazo previamente estabelecido e deixaram tudo para o fim. Consequentemente, nem todos conseguiram matricular. Neste momento, nas instituições escaladas pela nossa Reportagem as aulas decorrem mas as secretárias não param de receber gente.

A Escola Primária Completa 7 de Abril, localizada no bairro Manhiça-sede, previa matricular 400 alunos da 1ª classe e 325 para da 6ª. Porém, apenas 350 e 250 ,respectivamente, foram inscritos.

O director daquela escola, Anselmo Mahungate, acredita que ainda é possível atingir a meta porque muitos pais já estão a matricular os seus filhos. Alguns não o fizeram no tempo previsto por falta da documentação necessária.

Mahungate queixa-se dos índices de desistência na escola que dirige. Só no ano passado, mais de 100 alunos abandonaram os estudos por diversas razões sociais, tais como o divórcio dos pais que, às vezes, obriga a mudança de residência.

A Escola Primária Completa de Mulembje, situada no bairro com o mesmo nome, esperava matricular 300 alunos na 1ª classe, mas conseguiu somente 171. E mais: dos 186 alunos que transitaram para a 6ª classe, correspondentes a quatro turmas, poucos têm a sua situação regularizada.

“A nossa expectativa era matricularmos maior número de alunos este ano porque o nosso bairro está em expansão. Recebe muitas famílias reassentadas”, disse a chefe de secretaria daquele estabelecimento de ensino.

Segundo ela, os níveis de desistência são maiores. Na sua opinião, os pais e encarregados de educação são os culpados porque não dão o seu devido acompanhamento aos seus educandos.

“Os encarregados de educação são desleixados. Não têm nada a ver com as crianças. Alguns aparecem com os filhos sem a documentação para matricular, mas mesmo assim lhes recebemos. No fim não se preocupam em reunir os documentos para o processo do aluno”, desabafou.

A Escola Primária Completa Manhiça-sede tinha previsto matricular 200 alunos para a 1ª classe e igual número para a 6ª. Todavia, apenas 150 e 90 crianças, respectivamente, matricularam-se durante o período normal do processo.

Olívia Macamo, directora pedagógica daquela escola, aponta a existência de várias escolas circunvizinhas e mudança de residência por parte de muitas famílias como as prováveis causas dessa discrepância.

Para o caso dos que abandonam os bancos da escola a meio do ano, ela prefere não falar de desistência, mas sim, de uma miscelânea de factores sociais que obrigam os pais e encarregados de educação a movimentarem-se de um bairro para o outro.

Matriculam os seus filhos nas zonas de chegada e não comunicam a direcção da escola do local de donde partem. Neste contexto, aponta 50 alunos desistiram no ano passado de frequentar a escola que ela dirige. E apela aos pais e encarregados para que comuniquem sempre a movimentação dos seus filhos para que possam ter a transferência, que a via legal.

Garantiu-nos ainda que os livros de distribuição gratuita chegaram a tempo e já estão nas mãos dos alunos, mas só 80% deles terão manuais incompletos.

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