A empresa brasileira Vale do Rio Doce foi uma das patrocinadoras da viagem que o antigo Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez em Novembro último pelo continente africano. Em Moçambique Lula terá feito lobby junto a Ministra do Trabalho para benefício da multinacional que explora carvão em Moatize, na província central de Tete.
Segundo a brasileira Revista Veja, o presidente da empresa Vale, Murillo Ferreira, viajou no mesmo jatinho do ex-presidente até Moçambique, onde da agenda oficial apenas sabe-se que Lula entregou os primeiros anti-retrovirais empacotados na fábrica construída pela sua fundação e foi o orador principal num Conferência organizada pelo Centro de Documentação Samora Machel.
Contudo, de acordo com a publicação brasileira, Lula e o Presidente da Vale reuniram-se com a ministra do Trabalho de Moçambique, Maria Helena Taipo, que tem colocando barreiras para a exploração de carvão pela empresa brasileira na mina de Moatize, uma das maiores do mundo.
Na reunião, Lula tentou, sem sucesso, convencê-la a derrubar a exigência de empregar 85% de mão de obra moçambicana no empreendimento. Segundo vários relatórios independentes, em quase todos os 38 países onde actua, a Vale é acusada de violar os direitos dos trabalhadores, das comunidades, de incumprimento e violação de leis ambientais e colocar em perigo a saúde pública, entre estes estão Moçambique, Brasil, Peru, Chile, Nova Caledônia e Canadá.
Muita influência no Governo
De acordo com a ONG moçambicana Justiça Ambiental, entre os impactos directos citados pelos atingidos, figuram a perda de soberania sobre as terras, assassinato de lideranças comunitárias, prostituição, aumento do custo de vida nas comunidades próximas de onde um empreendimento é instalado, chegada de um grande número de população flutuante e até aumento da incidência de doenças psíquicas, neurológicas e físicas, entre as quais doenças respiratórias, de pele e cancros.
Em alguns países a empresa é tambem denunciada pela sua excessiva e perigosa influência nos governos nacionais. Em Moçambique, onde a Vale está presente desde 2004, o expresidente da Vale Roger Agnelli continua a fazer parte da equipa de conselheiros do Presidente Armando Guebuza.
Recentemente o Governo de Guebuza concessionou o sistema ferroportuário Moatize Nacala à Vale levantando acesas suspeitas e críticas na opinião pública nacional. Aliás, esta decisão do executivo moçambicano aconteceu sensivelmente um mês depois de Armando Guebuza ter participado num jantar na residência do actual presidente executivo da Vale Murilo Ferreia, no Rio de Janeiro.