Um empresário russo que ajudava os promotores suíços a desbaratar uma poderosa quadrilha de fraudadores morreu em circunstâncias misteriosas perto da sua mansão na Grã-Bretanha, numa horripilante guinada num caso que abalou as relações de Moscovo com o Ocidente.
Alexander Perepilichny, de 44 anos, buscou refúgio na Grã-Bretanha há três anos e vinha ajudando na investigação suíça sobre um esquema russo de lavagem de dinheiro, apresentando provas contra autoridades corruptas.
Ele também havia apresentado provas contra pessoas vinculadas à morte do advogado Sergei Magnitsky, especializado em casos de combate à corrupção. Esse crime, em 2009, causou indignação internacional e levou os Estados Unidos a aprovarem uma lei que pune pessoas envolvidas com abusos na Rússia.
Perepilichny, cidadão russo, desmaiou e morreu perto da sua casa, num condomínio sofisticado e fortemente vigiado no condado de Surrey, ao sul de Londres, a 10 de Novembro. Ele é agora a quarta pessoa ligada ao Magnitsky a morrer em circunstâncias estranhas.
“Está a ser tratado como não-explicado”, disse uma porta-voz policial. “Um exame póstumo foi realizado, o qual foi inconclusivo. Novos exames estão a ser realizados agora.”
As pessoas do condomínio, considerado a “Beverly Hills britânica”, e cercado por guardas e bem cuidados campos de golfe, disseram à Reuters que o corpo de Perepilichny, com roupa de corrida, foi encontrado à noite, no topo de um morro.
Um tremido vídeo gravado pelo cozinheiro Liam Walsh, de 24 anos, com o seu celular mostrou um corpo inerte, que ele disse ser de Perepilichny, estendido na calçada de uma rua deserta, iluminado por um único poste.
“Ele não estava a respirar. Tivemos de colocá-lo de costas e começamos a fazer RCP (primeiros-socorros). Ele provavelmente já estava morto fazia um tempo”, disse Walsh à Reuters no condomínio, enquanto carros sem identificação circulavam a fazer a vigilância do impecável complexo.
