O governo moçambicano vai investir cerca de 19 milhões de dólares para a construção de um sistema de regadio em Govuro, um distrito da província de Inhambane que apesar de ser atravessado pelo rio Save é ciclicamente assolado pela seca.
Trata-se do Regadio de Chimunda, com capacidade para irrigar dez mil hectares. A primeira pedra simbolizando o arranque da construção desta infra-estrutura foi lançada, Terça-feira, em Chimunda, arredores da vila de Nova Mambone, distrito de Govuro, cerimónia dirigida pelo governador provincial, Agostinho Trinta.
Falando na ocasião, em que também foi assinado o contrato de construção deste empreendimento, Trinta disse que o mesmo beneficiará a pequenos e médios agricultores.
“A partir de hoje, está enterrado aqui em Nova Mambone um grande tesouro. Colocamos um desafio a cada um de nós para se desenterrar esse tesouro com sacrifício próprio. Para este tesouro chegar as mãos de todos nos e transformar-se em comida e em dinheiro, precisamos de trabalhar”, disse o governador.
Ele referiu que este projecto não só abre uma oportunidade para os Agricultores melhorarem a sua produção, mas também para impulsionar o comércio, o agroprocessamento, os transportes, o turismo, entre outras áreas económicas.
Inserido no Projecto de Irrigação do Vale do Save, a construção deste sistema estava inicialmente orçado em cerca de 20 milhões de dólares, valor que também incluía o projecto de regadio de Paúnde, em Mabote, um outro distrito da província de Inhambane igualmente ciclicamente assolado pela seca.
Agora este orçamento afigura-se ultrapassado, segundo o presidente do Conselho de Administração (PCA) do Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA), Celina Titosse.
Assim, enquanto decorre o projecto de Chimunda, o governo procura mobilizar recursos para a implementação do projecto de Paúnde, que também terá uma capacidade de irrigação de mil hectares.
Ela explicou que, nos últimos anos, o FDA tem estado empenhado na mobilização de fundos para a operacionalização do Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA), um instrumento que visa aumentar a produção agrícola na ordem de sete por cento anuais.
Para a implementação do projecto de Chimunda, o governo conta com fundos próprios (dois milhões de dólares e os financiamentos do Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico de África (BADEA) em 10 (dez) milhões e o Fundo da OPEC para o Desenvolvimento Internacional, em sete milhões. As mesmas instituições poderão financiar o projecto de Paúnde.
“O que nós fazemos como FDA é procurar créditos que depois não irão complicar as nossas vidas e nesse caso, os créditos do BADEA são reembolsados com uma taxa de juros de dois por cento”, explicou Titosse.
Agora o desafio é garantir o bom decurso das obras e a boa gestão dos empreendimentos, já na fase de operação. Por isso, no que respeita as obras, Titosse apelou ao empreiteiro – a empresa moçambicana Engenharia e Obras Públicas (ENOP) – a cumprir com as clausulas do contrato, particularmente no concernente aos prazos das obras. O empreiteiro garante que vai realizar as obras dentro dos 24 meses estabelecidos no contrato.
“Vamos tentar acelerar os trabalhos. Já estamos a mobilizar o equipamento, o que vai ocorrer este mês e em Dezembro de modo a arrancarmos com as obras em Janeiro”, disse Mário José da Cunha, da ENOP, anotando que durante a empresa acumulou experiência na área tendo participado na construção dos regadios de Xai-Xai, Chókwè e Massingir, todos na província de Gaza.
Paralelamente, às obras de construção do regadio, está também em curso o reassentamento das famílias a serem retiradas em Chimunda para darem lugar àquela infra-estrutura agrícola.
Com efeito, está agora em curso a construção de um lote de 15 de um total de 157 casas a serem construídas no povoado de Chimunda. Igualmente, está em curso a construção dum centro de saúde no mesmo local, projectando-se posteriormente uma escola.

