O cirurgião Joseph Murray, que realizou o primeiro transplante bem-sucedido de rim e ganhou o Prémio Nobel de Medicina, morreu, Segunda-feira (26), em Boston, aos 93 anos.
Ele havia sofrido um derrame, Quinta-feira passada, segundo um porta-voz do hospital Brigham and Women’s. Murray e sua equipe completaram o seu primeiro transplante de órgãos humanos em 1954, passando um rim de um homem para o irmão gémeo.
“O mundo é um lugar melhor por causa de tudo o que o dr. Murray fez. O seu legado irá durar para sempre nos nossos corações e nos de pacientes que receberam o presente da vida mediante um transplante”, disse Elizabeth Nabel, presidente do Brigham and Women’s, em nota.
No decorrer da sua carreira, Murray continuou pesquisando formas de suprimir a reacção imunológica dos pacientes, evitando a rejeição a tecidos transplantados. Em 1990, foi um dos ganhadores do Nobel de Fisiologia ou Medicina.
“As dificuldades são oportunidades. Esta é uma citação que fica em cima da mesa do meu pai em casa. Ela reflecte o implacável optimismo de um grande homem que foi generoso, curioso e sempre humilde”, disse em nota o seu filho Rick.
Murray formou-se em medicina por Harvard e começou a interessar-se pelo transplante de tecidos quando trabalhava com militares feridos na 2a Guerra Mundial, segundo a Britannica Online Encyclopedia.
Concluiu a especialização em cirurgia no Brigham and Women’s, onde depois actuou como cirurgião plástico. Com interesses que iam muito além da medicina, Murray disse numa breve autobiografia entregue à organização do Nobel que desejaria ter “outras dez vidas para viver neste planeta”.
“Se fosse possível, eu passaria cada uma das vidas na embriologia, na genética, na física, na astronomia e na geologia. As outras vidas seriam como pianista, bicho do mato, tenista ou repórter da National Geographic.”
Mais de 600 mil pessoas em todo o mundo já receberam transplantes desde a inovação de Murray, segundo o hospital.