
A cidade de Maputo acordou hoje de forma tímida. Os munícipes, face a entrada em vigor da nova tarifa de transporte, esta quinta-feira (15), acautelavam-se de uma suposta manifestação propalada intensivamente desde esta quarta-feira. O transporte público de passageiros escasseou logo pela manhã. Pouco depois das 9 horas começaram a registar-se manifestações de cidadãos indignados com o novo preço dos transportes de passageiros, na Estrada Nacional nº4 (que liga as cidades de Maputo e Matola) e na Estrada Nacional nº 1 que liga Maputo ao resto do país.
Os poucos “chapa 100”, que vinham operando normalmente, saíram da circulação um a um. A agitação ganhou aso havendo registo de estradas bloqueadas com troncos, pedras e pneus a arderem.
Os agentes da lei e ordem, da polícia de protecção e da força para militar, que já estavam no terreno foram reforçadas e rapidamente procuraram conter os ânimos mais exaltados e desobstruir as vias de tráfego rodoviário.
Entretanto os autocarros dos Transportes Públicos também recolheram para os parques. Lojas e escritórios foram encerrados.
Na cidade de Maputo, milhares de pessoas que cedo haviam chegado aos seus locais de trabalho começam a procurar forma de regressarem às suas residências, após a interrupção das suas jornadas laborais. É o caos nas paragens porque os transportes não estão a circular.
Na zona baixa da cidade alguns cidadãos oportunistas vandalizaram algumas lojas.
Os agentes da lei e ordem impuseram-se aos manifestantes, controlaram os principais focos de agitação, removeram as barricadas e pneus que entretanto já tinha ardido.
Os Transportes Públicos voltaram a funcionar, timidamente, mas apesar disso muitos maputenses e matolenses fizeram vários quilómetros a pé para regressarem à segurança dos seus lares.
Até ao momento não temos registo de vítimas humanas destes incidentes.
Neste momento Maputo e Matola são duas cidades com as ruas quase desertas mas onde reina a calma.
Preço é para manter
No final do dia, na conferência de imprensa convocada pelo Município de Maputo para “avaliar o impacto das novas tarifas de transporte” ficou sublinhado que as novas tarifas são para manter. Aliás, no entender dos responsáveis do município, a população está consciente e acatou a medida. O vereador para área de transportes do Município de Maputo falou de medidas para conter o encurtamento de rotas.
Porém, no que diz respeito ao aumento de frota para tirar as carrinhas de caixa aberta das ruas de Maputo foi lacónico. Ou seja, recusou prestar qualquer declaração à respeito alegando que estava no local para falar dos licenciados e “não dos ilegais”. Efectivamente, no entender de Matlombe, a solução passa por a população servir-se, somente, “de carros com faixas” nas quais “o destino está identificado”.
“Não devemos perguntar o que vai acontecer sobre uma infracção”, clarificou. Na verdade, o que Matlombe propõe é que a população obrigue os transportadores a cumprirem a rota. “A população não deve pagar enquanto não chegar ao destino. Uma viatura sem faixas não tem destino. Se a viatura não tiver faixa a população está livre de não pagar. Isso é o que a população deve perceber”, referiu.
O dito pelo não dito
António Pelembe, chefe de operações do Comando da Cidade, afirmou que a razão das pequenas ‘manifestações’ que ocorreram em vários pontos de Maputo e Matola tiveram como causa “as acções de encurtamento de rotas”.
Porém, num outro pronunciamento entrou em contradição e falou de aproveitamento por par parte de oportunistas. Instado à pronunciar-se pelo @Verdade justificou dizendo que falou de um desculpa que os causadores dos tumultos escudaram-se para sair à rua. “Eu disse que o encurtamento de rotas preocupa a todos nós. Entretanto, na base dessa constatação, de que há encurtamento de rota também surgiram oportunistas porque sabe-se que a população não gosta disso”, referiu.