Apenas três por cento da produção agrícola pertence ao sector comercial, o que contribui para a baixa produtividade em Moçambique, disse, Segunda-feira (12), em Maputo, o Director Geral do Centro para a Promoção de Investimentos (CPI), Lourenço Sambo.
Para reverter o actual cenário, Sambo convidou um grupo de 12 empresários brasileiros, representando 60 empresas daquele país sul-americano, a investir em Moçambique.
Os empresários participaram, esta Segunda-feira, em Maputo, num seminário de negócios com seus homólogos moçambicanos dos sectores da alimentação, bebidas, medicamentos e material cirúrgico, tecnologia da informação e automação, máquinas e equipamentos, energia, infraestruturas e mineração.
Na ocasião, Sambo arrolou as oportunidades de investimento existentes no Vale do Limpopo, na província de Gaza, no corredor de Maputo, na província com o mesmo nome, corredor da Beira (Sofala), corredor de Nacala (Nampula), e Pemba-Lichinga (Cabo Delgado e Niassa), que oferecem condições agroecológicas adequadas para uma produção agro-pecuária.
Além disso, Moçambique possui cerca de 36 milhões de hectares de terra arável, dos quais apenas cinco milhões são explorados. Também possui um potencial de irrigação para três milhões de hectares dos quais apenas 40 mil estão operacionais.
Nesses corredores, existe potencial para a produção de hortícolas, frangos, ovos, frutas, açúcar, feijões, milho, gergelim, chá e coco.
“Temos zonas agroecológicas bem definidas e temos que produzir para reduzir o défice de alimentos no país e que não faz sentido com as potencialidades existentes.
Neste momento, o sector agrícola é dominado por produtores familiares que detêm 97 por cento, enquanto apenas três por cento pertencem ao sector comercial”, disse.
Segundo Sambo, as províncias de Sofala, Zambézia, Manica e Tete são as mais propícias para a produção de cereais, enquanto Nampula, Zambézia e Inhambane são mais favoráveis a produção da mandioca, cujo maior desafio é o processamento.
Para frutas, hortaliças e batata, Sambo indicou as províncias de Sofala, Tete, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado. Para estes produtos o enfoque vai para o cultivo, processamento, empacotamento e montagem de sistema de frio para a conservação.
As oleaginosas podem ser produzidas na zona centro, nas províncias de Sofala, Manica e Tete, enquanto para a pecuária as melhores áreas para investimento é toda a região sul de Moçambique, bem como as províncias de Manica, Tete e Zambézia.
O Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Rogério Manuel, falando durante o evento explicou que “entre as vantagens de investir em Moçambique destaca-se o bom ambiente de negócios, a sua localização estratégica, abundância de recursos minerais e o livre acesso aos mercados norte-americano, europeu e sobretudo da nossa região Austral, a SADC”.
Por seu turno, o Ministro Conselheiro da Embaixada do Brasil em Moçambique, Paulo Jopperth disse que as relações bilaterais entre Moçambique e Brasil registam uma maior intensidade nos últimos anos, sobretudo ao nível do comércio e investimento.
“Os dois países, que já têm muitos laços históricos, vêm encontrando a cada dia novos interesses comuns e oportunidades de cooperação, trabalho conjunto e desenvolvimento integrado, sendo o começo dos investimentos parte essencial desta nova etapa das nossas relações”, disse.
O Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Agro-pecuária Brasil- Moçambique (CCIABM), Rogério Samo Gudo, disse que a procura de oportunidades de investimento por parte de empresários brasileiros continua a crescer, ao mesmo tempo que aumenta o número de homens de negócios moçambicanos a procurar parcerias com brasileiros dada a sua experiência e conhecimento tecnológico.
“As relações entre Moçambique e Brasil antes eram mais culturais e hoje têm a ver com desenvolvimento social e económico. Queremos que as relações entre os dois países, sobretudo ao nível económico e comercial sejam mais duradoiras para que tenhamos empresas mais competitivas e rentáveis”, referiu.
O seminário de negócios enquadra-se no programa da semana do Brasil-Moçambique, que se assinala entre os dias 10 e 17 de Novembro corrente.