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Moçambique atinge novo recorde no algodão

A produção nacional de algodão na campanha que encerra atingiu 136 mil toneladas de algodão caroço, contra pouco mais de 70 mil toneladas na última safra. Trata-se de um máximo histórico ao longo dos 37 anos da independência de Moçambique.

Neste período, a melhor produção do chamado ouro branco foi realizada na campanha 2005/6, em que foram comercializadas 122 mil toneladas.

No período 1984/85, o país registou a pior produção de algodão desde a independência, que não foi para além das 5 mil e 200 toneladas.

Segredo do recorde

A presente campanha de produção de algodão arrancou com uma estimativa de comercialização de 85 mil toneladas de algodão-caroço, tendo sido superada para 136 mil toneladas.

Na campanha 2009/10, o subsector do algodão registou quedas significativas quando produziu apenas 41 mil toneladas, o que representou um “grande susto” face à manutenção da tendência de decréscimo. Isto determinou novas abordagens em busca da inversão da situação.

Na safra seguinte começou a implementação de algumas acções de impacto rápido, estimuladas pelo preço histórico da fibra, que não se via nos últimos 100 anos, com efeito positivo no preço doméstico.

O reajuste do pacote técnico de toda a cadeia de produção do algodão terá sido o factor determinante para o pico atingido. A chuva teve também um comportamento favorável para o aumento da produtividade.

Longe do potencial

Apesar do novo pico na produção do algodão no período pós-independência, Moçambique continua por atingir o máximo histórico de sempre, 144 mil toneladas de algodão-caroço, comercializadas no período colonial.

“Estamos bem longe do potencial absoluto que o país detém”, reconhece Norte Mahalambe, director do Instituto do Algodão de Moçambique. Um programa de revitalização da cadeia de valor de produção de algodão fixa um plano ambicioso de 210 mil toneladas de algodão.

Esta meta foi desenhada em 2009/2010. O indicador não se revelava tão ambicioso, desde que todos os factores sejam conjugados de forma favorável. A estratégia estabelece um crescimento médio anual de produção de algodão-caroço de 10-12 por cento.

“Haverá anos que obviamente não conseguiremos manter estes níveis”, prosseguiu Mahalambe, sublinhando, porém, a manutenção da meta das 200 mil toneladas. A partir daqui serão feitas novas projecções.

A fixação do plano de 200 mil toneladas tinha o objectivo final de utilizar integralmente a capacidade de descaroçamento instalada, entretanto ampliada para 220-230 mil toneladas, com a inauguração de uma nova fábrica e de uma nova linha de produção numa fábrica antiga.

Preço internacional

O preço da fibra no mercado internacional revela-se baixo comparativamente à campanha passada, mas continua melhor que a média dos últimos 10 anos, excluindo 2011, em que o preço variou ente USD 2500-3000.

Uma tonelada de fibra é transaccionada actualmente a USD 1500-1600, contra a média de USD 1000-1100 nos últimos 10 anos, sem contar com 2011. Nesta fase, chegou-se a ter um preço variando ente USD 650-700/ tonelada.

Mercado garantido

O consumo global de fibra no mercado mundial situa-se actualmente em 24 milhões de toneladas. Para a presente campanha Moçambique espera contribuir com uma quantia modesta de 60-70 mil toneladas (menos de 2% do consumo internacional).

A contribuição média do nosso país tem variado entre 0,5 – 0,6 por cento da procura mundial. Norberto Mahalambe garante que o mercado mundial de fibra está tão sedento que não se pode admitir sequer a hipótese de alguma quantidade sobrar. Aliás, países como a China e a Índia fazem reservas internacionais recorrendo à fibra.

“Podemos ter são empresas que procurando preço mais remunerador irão reter para vender num período que acharem mais oportuno”, acrescentou a nossa fonte.

O algodão continua o sétimo produto de exportação e este ano espera contribuir para a balança de pagamentos em USD 89-90 milhões, com a expectativa de chegar aos USD 100 milhões, caso o preço internacional registe uma ligeira subida. A nível dos produtos agrícolas de exportação, o ouro branco ocupa o quarto lugar na lista das culturas mais importantes, mas com o pico deste ano pode ocupar o terceiro ou segundo lugar.

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