A falta de transparência na implementação e funcionalidade das políticas fiscais e monetárias e a crise financeira mundial são os grandes entraves que concorrem para a constante variação da economia e sua respectiva fragilidade na África Subsahariana.
Quem assim o diz é o representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Moçambique, Victor Lledó. Afirmou que a economia desta região africana continua resiliente devido à fraqueza da economia global, mas prevê-se um crescimento na ordem dos 5,3 por cento para 2012-2013.A intranquilidade em relação à inflação está relacionada, por um lado, com a desaceleração da economia mundial face à crise financeira que tem afetado os países emergentes e os avançados, principalmente na zona euro. Por outro deve-se à falta da funcionalidade das políticas monetárias e fiscais dos países da África Subsahariana, explicou.
Lledó falava, esta quarta-feira (07), em Maputo, numa palestra organizada pela instituição que representa em parceria com o Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais (CEMO). Decorreu sob o lema “Perspectivas Económicas para a África Subsahariana”.
Segundo ele, o sucesso da África Subsahariana, em termos da taxa de crescimento é resultado da adopção de politicas e reformas económicas prudentes e estruturadas na últimas décadas e está aliado ao beneficio do alívio da divida externa, que possibilitou a criação de manobras e acções para o crescimento e desenvolvimento macroeconómico fiscal e monetário e, consequentemente, oportunidades de estabilidade da taxa de crescimento.
No mesmo diapasão, o responsável referiu que a criação de uma economia forte na região em alusão depende da existência de sectores com acções intensivas e com a capacidade de aumentar o crescimento da mão-de-obra, melhorar a sua produtividade, diversificar a economia através do incremento de infraestruturas económicas que garantam mais produção.
Sujeita-se igualmente à adopção de reformas e políticas funcionais, transparente e capazes de sobreviver às variações das taxas de inflação.
Há ainda a necessidade de se apostar na melhoria da implementação das políticas de negócios e educacionais como aspectos fundamentais para a estabilidade e sustentabilidade da balança económica africana.
Moçambique deve ter um crescimento económico que combata a pobreza
Relativamente a Moçambique, Victor Lledó disse que o crescimento económico deve ter um impacto directo no combate à pobreza. Todavia, para tal é preciso que a sustentabilidade seja alimentada pelos sectores intensivos, tais como os recursos humanos através de ganhos salariais, mega-projectos, indústrias de grande e média dimensão.
Acrescentou que o sistema financeiro deve ser mais interventivo e bancar a população de forma evasiva, criar práticas e instrumentos orçamentais transparentes e introduzir reformas céleres com regras e flexibilidade.
O desafio para Moçambique, segundo o representante do FMI, é a criação de capacidades que possam gerir de forma racional a política fiscal e monetária num ambiente de crise. E que seja capaz de vencer as dificuldade na gestão da moeda nacional ainda sem controlo total bancário e reduzir a volatilidade.
“Os mega-projectos deviam servir de alicerce para impulsionar o crescimento do país. Mas que se concretize é preciso que haja transformação estrutural da económica tornando-a mais robusta e capaz de gerar sustentabilidade para as populações”, concluiu.
Por sua vez, o economista moçambicano Roberto Tibana, afirmou que é urgente que a região Subsahariana diversifique a economia, aumente a produtividade no sector agrícola e defina-o como prioritário através da injecção de dinheiro para seu crescimento. Rever também o orçamento alocado a este ramo que ainda é muito irrisório.
Tibana discorda que a questão principal que limita o crescimento económico seja a não reformulação e reformas das políticas. Para ele, o problema está na criação de condições externas favoráveis e de na definição de prioridades para catapultar a dinâmica da balança monetária e fiscal.
Os mega-projectos deviam produzir riqueza nacional e aumentar o crescimento da economia nacional, o que não está a acontecer no país. Os investidores e o Governo é que se beneficiam do investimento em detrimento da economia nacional e da própria população, rematou.