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Chumbado plano do Presidente Jacob Zuma para a restauração da economia sul-africana

Economistas e políticos sul-africanos chumbaram a proposta do Presidente Jacob Zuma que tinha como objectivo a restauração da economia do país, fragilizada pelas constantes greves. Os mesmos alegam que o dossier presidencial peca por não apresentar detalhes da sua implementação.

Elaborado em resposta a várias semanas de greve dos trabalhadores dos diferentes ramos de actividade do país, a proposta de Zuma tinha como finalidade resgatar a confiança da economia sul-africana, ao revelar as responsabilidades do Governo, do empresariado e das uniões sindicais. Mas este documento não alterou o estado de alerta dos investidores, especialmente os estrangeiros.

No dia do lançamento da proposta de Zuma, na última sexta-feira, a bolsa de valores “JSE Share Index” indicava uma queda de 37 274.68 no valor das trocas comerciais, uma baixa na ordem dos 0.81% em relação ao dia anterior.

O rand continuava em queda livre em relação ao dólar norte- -americano, tendo uma cotação de 8.58 rands por dólar, uma baixa de 1.11% em relação ao dia anterior.

A proposta presidencial de restauração da economia fragilizada pelas 11 semanas de greve do sector das minas e dos transportes destaca a normalização das actividades, especialmente no ramo mineiro, como medida urgente.

“Informámos os trabalhadores que reconhecemos as suas frustrações e desafios, que ficaram patentes ao longo dos seus protestos, e queremos assegurar que as suas reivindicações serão atendidas,” defende Zuma no documento.

Na esperança de se normalizar o sector económico do país, uma especial atenção será prestada concretamente no que concerne à habitação para a comunidade mineira, pressão causada pelas disparidades nos aumentos salariais desta classe.

“Enquanto muitos acordos sociais foram assegurados no passado, nós queremos que este caso seja diferente no que tange à cobertura e implementação,” destaca a proposta.

O documento apresenta os três pontos considerados prioritários para se ultrapassar a crise social, manifestada pela crescente onda de greves no território sul-africano, nomeadamente:

• Acelerar o crescimento económico por meio do desenvolvimento das infra-estruturas;

• Providenciar a assistência aos trabalhadores e às companhias afectadas pela actual crise económica mundial; e

• Criar mais postos de trabalho através dos programas existentes no Ministério do Trabalho.

Adicionalmente, e para criar vários estímulos à economia, Zuma defende que todas as partes envolvidas nas negociações dos aumentos salariais deveriam obrigar os presidentes dos conselhos de administração e os seus respectivos executivos, tanto do sector público como do privado, a observarem 12 meses de congelamento de salários, isto é, um ano de trabalho sem direito a salários para esta classe.

O presidente descreveu esta medida como um forte indicativo da vontade de se edificar uma economia equitativa e que uma comissão será instaurada nos próximos seis meses para apresentar um relatório acerca das disparidades salariais.

O plano não passa de meras palavras

Para Mike Schussler, fundador e director da economists.co.za, uma organização independente vocacionada para a pesquisa económica, defendeu que a proposta apresentada pelo Presidente Jacob Zuma peca por não contar com um procedimento concreto de acção para a restauração da economia e não passa de meras palavras.

“O Presidente Zuma, ao apresentar um documento que apela aos trabalhadores para regressarem aos seus postos de trabalho e faz um convite à união como povo sul-africano, não irá, magicamente, curar a enfermidade da nossa economia”, destacou Schussler.

Mike Schussler adiantou ainda que o actual curso da política sul-africana não deu espaço para a tomada de importantes medidas económicas, mas sim para as mais difíceis. “ Não acredito que estejamos em condições de ver os nossos líderes políticos a tomarem decisões difíceis como forma de resolver os problemas da nossa economia” defendeu.

Schussler afirma que se não forem tomadas medidas urgentes como forma de resgatar a débil economia os problemas poderão agravar-se rapidamente. “A economia da África do Sul nunca antes foi abalada por este tipo de problemas por muito tempo e, pelo que estamos a ver, a duração das greves no futuro irá alongar-se por mais tempo”.

“O plano é pobre em detalhes”, Aliança Democrática

O plano de contingência do Presidente Zuma ganhou duras críticas por parte da maior força da oposição parlamentar, a Aliança Democrática, DA, que considera o documento de ”resumo, e pobre em detalhes”.

“Que passos o Governo irá tomar como forma de restaurar a robustez da economia seguindo as bolsas de valores Moody`s e a S&P ?”, questionou a líder parlamentar da DA, Lindiwe Mazibuko.

Mazibuko defende que a economia necessita de planos concretos com vista a devolver a confiança perante os investidores que gradualmente receiam perder os seus capitais. “A economia da África do Sul necessita de mais respostas, e não de muitas perguntas. O Presidente Zuma tem muito que nos explicar”.

Entretanto, o plano presidencial não trouxe uma inspiração positiva ao mercado, à classe operária, em particular a mineira, ao longo do país, dado que as greves continuam.

Os trabalhadores da mina da AngloGold Ashanti, em Carletonville, recusam-se a retornar aos seus postos de trabalho sem que sejam respondidas as suas reivindicações de aumento salarial.

O prazo estabelecido de quinta-feira da semana passada, pela administração da mina de Gold Fields, como dia da apresentação ao trabalho dos cerca de 15 mil mineiros não foi cumprido. Segundo a administração daquela mina, os trabalhadores correm o risco de ser despedidos.

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