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Sol da cultura moçambicana cintila em Macau…

Sol da cultura moçambicana cintila em Macau...

A primeira viagem dos artistas agremiados no Grupo Girassol – a mesma colectividade cultural que, anualmente, realiza o Festival Teatro de Inverno, em Maputo – para o exterior aconteceu, 25 anos da sua criação, em Outubro de 2012. O destino foi Macau, na República Popular da China…

Termina na próxima terça-feira, 23 de Outubro, o XV Festival Cultural da Lusofonia, evento ao qual se atrelou a IV Semana Cultural da China e dos Países da Língua Portuguesa, em Macau.

Em Moçambique, o Governo, através do Ministério da Cultura, seleccionou a Associação Cultural Girassol que, nos seus 25 anos de existência, realiza o Festival de Teatro de Inverno há 10 anos.

Por isso, o ministro da Cultura, Armando Artur João, que se despediu dos artistas na semana passada, fez da ocasião não somente um momento para estimular os artistas a representar condignamente o país – o que irá contribuir para catapultar a visibilidade dos moçambicanos, enquanto produtores de arte – como também para atrair parcerias estrangeiras, de vária natureza, com o fim de relançar a indústria cultural moçambicana, com destaque para a discográfica que se mostra falida.

Os mandamentos de Artur

O ministro da Cultura, Armando Artur, considerou que, para o Governo, é sempre gratificante e motivo de satisfação tomar conhecimento de que os artistas moçambicanos irão representar a nação em eventos culturais que decorrem no estrangeiro. Afinal, “sabemos que se trata de mais uma jornada de divulgação da nossa riqueza artístico-cultural”.

Na verdade, talvez seja por essa razão que Artur está seguro de que “a Associação Cultural Girassol constitui um grupo que não deixa os seus créditos em mãos alheias. É uma colectividade que já deu provas da sua excelência. Por isso, quando chegou o convite da China, não tivemos nenhuma hesitação em indicar o Grupo Girassol para representar o país”.

É por essa razão que, na percepção do ministro, os 10 elementos seleccionados de um universo de 40 que se encontram em Macau, deviam, mais uma vez, ter em mente que se tornaram embaixadores da cultura moçambicana, afinal, “irão representar mais de 20 milhões de moçambicanos”.

Mesmo, em função disso, Armando Artur João entendeu que tinha razões acrescidas para engendrar um receituário de como os seus artistas se devem comportar na China. Aliás, as possibilidades de tal ser diferente eram diminutas. O Ministério da Cultura surge, neste processo, como mediador da relação entre o grupo e o festival.

Deste modo, “o nosso apelo é no sentido de que em cada momento, seja de actuação, seja de lazer, sempre se lembrem de que representam a República de Moçambique”. Ora, recordar-se disso implica cuidar de que “todo o vosso comportamento, a vossa prestação deva tomar em conta esta grande responsabilidade”.

O governante explicou a sua posição, baseando-se na consciência de que “as pessoas que irão assistir às exibições do grupo têm em mente que não somente estão a ver a manifestação cultual do Grupo Girassol, mas sim do povo moçambicano”.

Porque, na percepção do ministro da cultura, “não restam dúvidas de que as artes e a cultura moçambicana atingiram um alto patamar de tal sorte que, presentemente, ombreamos em pé de igualdade com os demais países do mundo, sob o ponto de vista de qualidade”.

Além do mais, reitera o governante, que é escritor, que “o nosso país já produziu monstros (no mesmo sector) que se tornaram estrelas em todo o mundo. Outras das referidas personalidades já pereceram, mas legaram-nos um rico espólio da sua produção que continua a ser uma referência”.

Entretanto, quando o ministro se recorda de que, no seu país, sectores como a indústria discográfica estão à beira da falência e que a pirataria engrossa as dificuldades que retardam o progresso profissional dos agentes de arte, elabora um apelo urgente.

“Angariem investidores para o nosso país, não somente para as áreas da economia como também, e principalmente, para o sector da cultura, explicando as potencialidades que o país possui”.

E não lhe faltam argumentos: “Se não formos nós, os artistas, em primeiro lugar, a realizar a tarefa de atrair parcerias no estrangeiro, ninguém mais fará. Precisamos de relançar a nossa indústria discográfica, de fabrico de instrumentos musicais, de produção de adereços para o teatro (…)”.

Artistas motivados

Lisonjeados pela possibilidade de exibirem as suas criações fora do país, os artistas que presentemente se encontram em Macau prontificaram-se a seguir à risca as recomendações ministeriais. Afinal, 25 anos depois, apesar de não realizarem a sua actividade com o fito de cobrar algo, “é bom que o referido trabalho artístico-cultural seja reconhecido”.

Em Moçambique, e no mundo, o Grupo Cultural Girassol é mais conhecido como protagonistas de peças teatrais. Em oposição a isso, “o Festival da Lusofonia solicitou-nos que apresentássemos a componente da dança. Deste modo, trabalhamos no sentido de os 10 elementos que, essencialmente são bailarinos, tenham também o domínio do teatro para que, se for necessário, possamos representar o país nesta componente”.

Refira-se então que numa altura em que as danças Xigubo, do sul do país, Mapiko e Tufo, da região norte, são, para o país, potenciais concorrentes nas categorias de património da humanidade na UNESCO, o Grupo Girassol criou condições para que fossem exibidas em Macau. Mas, a par disso, levou consigo outras danças, nomeadamente Utsi, Marrabenta e géneros de canções como Nondje e Limbondo.

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