Cerca de 15 mil camionistas decidiram voltar ao trabalho, Quarta-feira (10), na África do Sul, após duas semanas de uma paralisação que afectou o abastecimento de combustível, dinheiro em espécie e produtos em geral.
A decisão, tomada, esta Terça-feira (9), por três pequenos sindicatos, gera uma pressão sobre o principal grupo de trabalhadores do sector, a União Sul-Africana de Transportes e Trabalhadores Aliados (Sawatu, na sigla em inglês), que representa cerca de 28 mil profissionais, e que convocou estivadores e ferroviários a também aderirem à greve.
O fim parcial da paralisação também deve reduzir as preocupações de investidores sobre o impacto da greve no crescimento económico. A moeda local, que, Segunda-feira (8), atingiu o seu menor valor diante do dólar em três anos e meio, estabilizou-se imediatamente depois da notícia da volta dos camionistas ao trabalho, e foi vendida a 8,735 rands por dólar.
Grande parte do sector minerador, responsável por cerca de 6 por cento do PIB sul-africano, está praticamente parada há dois meses, devido a greves que envolvem mais de 75 mil mineiros (cerca de 15 por cento da força de trabalho).
Quase 50 pessoas foram mortas na actual onda de insatisfação trabalhista, sendo 34 delas alvejadas pela polícia a 16 de Agosto, no mais grave incidente com as forças de segurança desde o fim do regime do apartheid, em 1994.
O Congresso Nacional Africano, partido do governo, está a ser criticado por deixar as greves espalharem-se. A agência de qualificação de crédito Moody’s reduziu em um ponto, mês passado, a nota dos títulos públicos sul-africanos, dizendo que a gestão ineficiente provoca riscos económicos em longo prazo.
Milhares de camionistas têm saído às ruas, em protestos às vezes violentos, nos quais reivindicam aumentos salariais anuais de 12 por cento durante dois anos, mais do que o dobro da taxa de inflação.
Os patrões ofereceram um total de 18 por cento de aumento nos dois anos, e discutiram a questão salarial com a Sawatu, Terça-feira.
“Estamos dispostos a ceder nas nossas exigências, mas desde que os empregadores façam o mesmo”, disse o porta-voz sindical Vincent Masoga, que não pôde comentar de imediato o acordo dos sindicatos menores para encerrar a greve.
Uma entidade patronal disse, semana passada, que a indústria do frete está a perder 1,2 bilhão de rands (135 milhões de dólares) por semana devido à greve.