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Diários perdidos ajudariam a solucionar o mistério da “jovem Mona Lisa”

Um pacote de diários que teriam sido enviados pelo correio da Grã-Bretanha para os Estados Unidos nos anos 1960 poderiam fornecer uma pista vital sobre a origem de um polémico quadro apresentado em Genebra, mês passado, como a “Mona Lisa” original de Leonardo da Vinci.

Numa reviravolta típica do mundo da arte, no entanto, os diários desapareceram e o endereço em Washington para o qual eles foram enviados parece nunca ter existido.

As anotações, feitas no início do século 20, eram do especialista e coleccionador britânico Hugh Blaker. “Esses papéis poderiam muito bem fornecer a chave para conhecer a procedência dessa versão da ‘Mona Lisa’ em pelo menos 150 anos”, disse à Reuters o académico Robert Meyrick, especialista em Blaker.

E, é claro, ajudar a estabelecer se a chamada variante “Isleworth” da pintura mais famosa do mundo, que está no Louvre de Paris, poderia de facto ser um retrato anterior – e de valor inestimável – feito por Leonardo da dama enigmática e sorridente.

Pintor mal sucedido que foi curador de museu e marchand e tinha a reputação de reconhecer obras perdidas dos antigos mestres, Blaker encontrou e comprou a “Mona Lisa mais jovem” em 1913. Mais tarde, contou que a compra deu-se na casa de campo de um nobre em Somerset, no oeste da Inglaterra.

Certo de que tratava-se de um Leonardo verdadeiro, ele manteve-o na sua casa no subúrbio de Londres de Isleworth (dando-lhe uma identificação informal) até a sua morte, em 1936, quando a obra ficou para a sua irmã, Jane. Mas Blaker não disse para ninguém o nome da casa de campo nem do vendedor.

Meyrick, que foi convidado para a apresentação de Genebra para falar sobre o perito solteirão, deseja resolver o mistério para uma biografia que planeia escrever. “Acho que ele deve ter colocado os detalhes nos seus diários”, afirmou o professor num e-mail, este mês, desde a Universidade Aberystwyth, no País de Gales, onde ele é director da Escola de Arte.

“Mas os trechos publicados muito curtos que temos não dão pistas. Se tivermos esse conhecimento, deveremos ser capazes de rastrear como ele tornou-se de posse da família de Somerset e onde.”

A teoria de Meyrick é de que o quadro pode ter sido pego no século 18 por um integrante da família durante um dos Grand Tours pela Europa feitos pelos jovens nobres ingleses. Muitas obras de arte da Europa foram parar na Grã-Bretanha dessa forma.

Depois da morte de Jane Blaker em 1947, a pintura foi comprada por um marchand internacional e depois ficou nos cofres de um banco suíço por quase 40 anos antes da sua apresentação em Genebra, mês passado, pela “Fundação Mona Lisa”, sediada em Zurique.

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