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Parem com as barragens no Zambeze

No passado mês de Setembro a posição da JA contra a construção de mais barragens no rio Zambeze, foi apoiada pelos Amigos da Terra Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte (EWNI). Este apoio constituído por 230 grupos de activistas locais, incluindo 100,000 membros individuais da GrãBretanha!

A JA foi convidada para fazer algumas apresentações na reunião anual dos Amigos da Terra Inglaterra, realizada em Londres de 14 a 16 de Setembro de 2012. Infelizmente, o oficial de pesquisa e programas da JA não pode viajar para o Reino Unido porque a embaixada Inglesa levou demasiado tempo para informar se iria ou não dar o visto, e quando a informação saiu finalmente já era muito tarde para viajar e assim acabou-se por cancelar tanto o pedido do visto como a viagem a Inglaterra.

Dia 14 à tarde finalmente a JA recebeu o passaporte e o visto, mesmo depois de ter sido cancelado, pois já não servia para nada devido ao atraso.

A JA está extremamente desiludida com esta atitude tão mesquinha e arrogante da parte das autoridades Inglesas. É um desafio constante que os activistas do sul enfrentam, principalmente aqueles que são críticos às políticas erradas de desenvolvimento praticadas nos seus Países.

Este ano foi negada a entrada no Brasil do nosso jornalista que só depois de muita pressão, conseguiu finalmente voltar ao Brazil para estar presente no Rio +20, agora o oficial de pesquisa e programas não só não pode ir à reunião do EWNI como também o visto para o Canada chegou tarde demais para poder estar presente na reunião dos “Civicus”.

Mais uma vez aconteceu numa reunião internacional cujo País hospedeiro não respeita os processos, pois enviam os vistos tarde demais para não haver a possibilidade do activista estar presente, infelizmente não se pode dizer nada porque os vistos não foram negados, simplesmente chegaram (propositadamente) tarde demais!.

Mas mesmo sem a presença fisica da JA, a EWNI juntou a sua voz em solidariedade com a campanha da JA contra a barragem de Mphanda Nkuwa, para exigir que não sejam construidas mais barragens no rio zambeze, e para se optar por energias mais renováveis. “O Povo moçambicano precisa de energia, mas eles precisam mais que tudo de soluções verdadeiras, não as falsas como as mega barragens“.

Enquanto decorria em Londres acções de solidariedade contra a construção de Mphanda Nkuwa, nos Estados Unidos, na cidade de S.Francisco o nosso parceiro, “Internacional Rivers”, lançou um estudo sobre os impactos das mudanças climáticas no Rio Zambeze, que veio fortalecer imenso os argumentos da JA contra não só a barragem de Mphanda Nkuwa como qualquer outra barragem que possa vir a ser construída neste rio.

O estudo é da autoria do Dr.Richard Beilfuss ,um hidrólogo de renome internacional, com uma vasta experiência em assuntos relacionados com o Zambeze. O referido estudo com o titulo “Risco Hidrológico e grandes hidroélectricas na Africa Austral Avaliando os riscos hidrológicos, incertezas e as suas consequências para os sistemas dependentes de energia hidroélectrica na Bacia do Rio Zambeze ”, adverte dos possíveis perigos para as propostas de novas barragens no Rio Zambeze porque quando se fala em secas extremas e cheias mais destrutivas criam-se riscos para as barragems existentes assim como as projectadas porque elas não estão suficientemente preparadas para as mudanças climáticas, e os resultados poderão ser barragens economicamente não viáveis, com desempenhos abaixo do esperado face às secas extremas, ao mesmo tempo, podem também constituir um perigo pois não estão a ser projectadas para lidar com cheias cada vez mais destrutivas.

O Zambeze que é o quarto maior rio em África e segundo o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, a Bacia do Zambeze exibe os piores potenciais efeitos das mudanças climáticas, quando comparada às 11 principais bacias hidrográficas da África Subsariana, irá enfrentar uma redução mais substancial de precipitação e de escoamento.

Vários estudos estimam que a precipitação ao longo da Bacia vai diminuir na ordem dos 1015%, sendo o aumento da escassez de água uma grande preocupação para as zonas semiáridas da Bacia do Zambeze. As barragens na Bacia do Zambeze estão a ser planeadas, com muito pouca participação pública, e com muito pouca, se alguma, atenção aos amplos impactos sociais e ambientais que estes projectos podem acarretar.

Entre as várias recomendações, o estudo alerta para uma necessidade de se diversificar os recursos energéticos de modo a reduzir a dependência da energia hídrica que é fundamental para a adaptação às mudanças climáticas nas regiões com escassez de água.

O estudo também apela para que os investimentos tenham como objectivo aumentar a resiliência ao clima: “os modelos climáticos alertam para os impactos das alterações dos padrões de precipitação e de escoamento da bacia na produção de cereais, na disponibilidade de água, e na sobrevivência de espécies. No entanto, as grandes barragens hidroeléctricas ameaçam diminuir, em vez de aumentar, a resiliência climática –especialmente para a população pobre rural – dando maior prioridade à produção de energia do que ao abastecimento de água, eliminando os picos de inundação naturais que auxiliam a produção alimentar, e aumentando a perda de água por evaporação”.

O Dr. Beilfuss afirma que “Os responsáveis pela elaboração do plano de energia e os governos regionais devem reconhecer estes riscos hidrológicos e tomar medidas para melhorar o planeamento e gestão das grandes barragens na Bacia,” continuando que “No mínimo, as barragens existentes e as futuras devem ser submetidas a uma análise profunda em relação aos riscos climáticos.”

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