Está relançada a luta pelo título no Moçambola. A cinco jornadas do fim do certame, o líder Maxaquene não conseguiu levantar as asas no último fim-de-semana e viu a diferença pontual em relação ao segundo classificado, o Ferroviário de Maputo, reduzir para seis pontos. Renhida está também a luta pela manutenção em que está cada vez mais difícil descobrir quem serão os dois acompanhantes do Ferroviário de Pemba para a segunda divisão.
Oficialmente, foram dez os autocarros que transportaram adeptos do Maxaquene da cidade capital Maputo à Vila de Xinavane a fim de acompanharem aquela equipa para o jogo contra o Incomáti, que foi disputado no domingo (30). Mas, na verdade, a excursão dos adeptos tricolores que vieram de todos os cantos da região Sul do país ultrapassou este número pois a estes juntaram-se muitos outros.Como corolário, o campo do Clube do Incomáti foi pequeno para receber os cerca de quatro mil adeptos que convergiram naquele ponto, diga-se, maioritariamente vergando as três cores do Maxaquene.
O ambiente que se viveu minutos antes do jogo foi de festa e, para quem não anda abalizado no futebol, a partida parecia uma final. Nota negativa vai para os adeptos e sócios da equipa da casa que não souberam impor-se perante a onda tricolor, que pintou por completo aquele ponto do país.
Futebol “vistoso” que não gera golos
Quando o relógio marcava as 15 horas, o árbitro José Maria Rachide fez soar o apito que deu início à partida que colocou frente a frente duas equipas distintas, quer pelos objectivos no Moçambola, quer pelas suas respectivas colocações na tabela classificativa. É que o Maxaquene, enquanto luta para consolidar a liderança, o Incomáti tenta a todo o custo garantir mais festas do género em Xinavane na próxima temporada.
Muito cedo, os tricolores deram indicações de querer sair de Xinavane com os três pontos garantidos quando Kito, ao quinto minuto, ameaçou as redes de Marcelino com um remate que se perdeu na linha do fundo. Treze minutos mais tarde, os visitantes voltaram a ameaçar com um cabeceamento inofensivo do capitão Macamito.
Os visitantes desenvolveram, até ao minuto 20, um futebol ostentoso e bem organizado, com a circulação de bola a construir as jogadas de ataque a partir do meio-campo. Porém, o sistema defensivo da equipa da casa, que se manteve consistente, aliviando qualquer tipo de infiltração do esférico na sua grande área, obrigou a que os jogadores do Maxaquene fossem mais pacientes, jogando mais atrasados enquanto preparavam novas jogadas ofensivas.
Sem o esférico, o Incomáti defendia, contudo, a partir do minuto 26 até ao intervalo, o jogo passou a estar equilibrado. O único lance de perigo e digno de registo por parte dos açucareiros ocorreu ao 31º minuto quando Scaba, de cabeça, gelou por completo os adeptos tricolores que afluíram em massa ao campo.
Segunda parte fenomenal
A etapa complementar da partida começou com um Incomáti muito distraído – talvez por se sentir um visitante dentro da própria casa – com os seus jogadores a pecarem de forma exagerada na comunicação. Os mesmos falharam nos passes e, quando tivessem a bola nada faziam senão entregá-la de bandeja ao adversário.
O Maxaquene, nesse período, aproveitou-se do erro do adversário, mas sem marcar. O “senão” dos açucareiros só foi resolvido graças às mexidas na constituição da equipa operadas por Euroflin da Graça que, lançando Binho para dentro das quatro linhas, viu o Incomáti transformar-se e mais arrojado.
Com a partida novamente equilibrada e as duas equipas já preocupadas com o factor tempo, já se esgotavam de tanto arriscar num “tudo ou nada”. A diferença na abordagem do jogo ficou manifesta, por um lado, com a equipa tricolor a ir ao ataque mais organizada e, por outro, um Incomáti que inconscientemente bombeava as bolas para a frente.
Numa jogada perfeita, Betinho surgiu isolado na grande área e, quando ia rematar, viu-se interceptado por Clarêncio que o impossibilitou de dar prossecução à jogada, ficando a reclamar grande penalidade. O árbitro da partida mandou prosseguir e a fúria dos adeptos tricolores sobressaiu arremessando garrafas para as quatro linhas.
Minutos após este triste incidente, Marcelino aplicou-se ao fundo para com a palma da mão negar o golo certo a Kito, na sequência de um portentoso remate a meio da rua.
Esgotados os noventa minutos e quase todos cientes do nulo como resultado final, o árbitro da partida concedeu mais três minutos de compensação. E naquilo que se previa como a última jogada de ataque, Acácio lançou o esférico para a grande área e encontrou a cabeça de Mbinho que o empurrou para o fundo das malhas depois de este bater no poste direito de Acácio, selando as contas do jogo.
Os adeptos tricolores, após o apito final, cercaram o balneário dos árbitros mas graças à intervenção dos agentes da Lei e Ordem, o pior não aconteceu.
Para além da manifesta tristeza que se repercutiu no silêncio fúnebre da caravana, a massa tricolor voltou a ouvir o “Salanine” que se estendeu desde o campo até à saída da vila, ou seja, em todas os cantos por onde passava ouvia-se harmoniosamente dos locais: “Voltaremos a avistar-nos, assim se o Senhor das alturas o permitir, mas adeus, adeus… adeus”.