O ministro das Relações Exteriores da Síria acusou, esta Segunda-feira (01), os Estados Unidos, França, Catar, Arábia Saudita e Turquia de apoiar o “terrorismo” por fornecer armas, dinheiro e combatentes estrangeiros aos rebeldes que procuram derrubar o presidente Bashar al-Assad, enquanto o chefe da ONU condenou os assassinatos e abusos de direitos por parte do governo de Assad.
O chanceler Walid al-Moualem, falando no último dia da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), também acusou a Líbia de apoiar os rebeldes e disse que um braço da rede Al Qaeda havia assumido a responsabilidade por alguns ataques a bomba na Síria.
Moualem afirmou que os pedidos estrangeiros pela renúncia de Assad em meio ao conflito de 18 meses no país são uma “interferência flagrante nos assuntos internos da Síria e na unidade do seu povo e a sua soberania”.
O seu discurso ocorreu três dias depois de uma reunião nos bastidores da Assembleia-Geral entre os países que defendem a queda de Assad. Eles anunciaram mais ajuda aos opositores, mas não havia nenhum sinal de uma ajuda militar directa.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reuniu-se com Moualem, esta Segunda-feira (01), e levantou as questões “dos assassinatos, destruição em massa, abusos de direitos humanos e ataques aéreos e de artilharia cometidos pelo governo”, disse um porta-voz de Ban em comunicado.
“Ele ressaltou que era o povo sírio que estava a ser morto todos os dias e apelou ao governo da Síria para mostrar compaixão ao seu próprio povo”, declarou o porta-voz.
Numa reunião de alto escalão da Organização para a Proibição de Armas Químicas, esta Segunda-feira, Ban destacou a Síria como um dos oito Estados a não assinar a Convenção de Armas Químicas.
“Expressei graves preocupações com as declarações feitas por representantes do governo sírio sobre a existência de armas químicas e a sua possível utilização”, disse Ban.
“Também, pessoalmente, transmiti estas preocupações directamente ao presidente Assad por escrito.” “O uso de tais armas seria um crime ultrajante com consequências terríveis”, acrescentou ele.
Interferência doméstica
Ban também comentou com Moualem sobre a crescente crise humanitária dentro da Síria, que afecta os países vizinhos, segundo o porta-voz. A Organização das Nações Unidas disse que cerca de 294 mil refugiados da Síria fugiram para Jordânia, Iraque, Líbano e Turquia.
Mais de 30.000 pessoas foram mortas, de acordo com os activistas da oposição, e há temores de que uma guerra civil possa desestabilizar o Oriente Médio.
Moualem afirmou que Catar, Arábia Saudita, Turquia, Estados Unidos e França “claramente induzem e apoiam o terrorismo na Síria com dinheiro, armas e combatentes estrangeiros”. Catar, Arábia Saudita e Turquia negaram ajudar os rebeldes.
Os Estados Unidos e a França disseram que estão a fornecer apoio “não letal”. “Sob o pretexto da intervenção humanitária, esses países interferem nos assuntos internos dos Estados e impõem sanções económicas unilaterais que não possuem base moral e legal”, disse Moualem.