Yacuba Yaficane Chequele, de 12 anos de idade, vive dias de terror caracterizados por frequentes tareias protagonizadas pelos seus pais biológicos no bairro de Namutequeliua, arredores da cidade de Nampula. Os progenitores justificam este acto brutal com o facto de a criança não se fazer presente à hora do almoço, 12 horas, por causa das brincadeiras com os amigos.
Todavia, a vítima conta que é proibida de brincar para além do quintal da casa. A criança afirma que está a sofrer na casa dos próprios pais. Vive dias difíceis e é vítima de humilhação.
A reportagem do @Verdade soube que na tarde desta segunda-feira (24) Yacuba Chequele saiu para brincar algures com uma criança vizinha e voltou a casa por volta das 11 horas. Como de costume, o pai torturou o miúdo até causar-lhe ferimentos nos dois olhos, numa clara violação dos direitos do petiz. Ademais, não teve direito a comida e permaneceu todo o dia esfomeado.
Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em contacto com a nossa reportagem, o menino Yacuba explicou que antes de ir brincar varre o pátio, arruma a casa, lava a loiça e busca água numa fonte que fica distante da sua casa.
Contrariamente às palavras pais, o adolescente conta que é obrigado a brincar somente dentro do quintal da casa onde morra.
Yaficane Chequele, natural do distrito de Mossuril, é o pai agressor. O seu filho, segundo explicou, não lhe obedece. Não cumpre as ordens cujo objectivo é formá-lo como um homem de conduta respeitável na sociedade. “Os meus pais educavam os meus irmãos e a mim também dessa forma. Quem não quer obedecer em casa deve ser torturado para ver se melhora o seu comportamento”, eis a defesa repudiável do progenitor.
A criança não frequenta a escola. Só tem 1ª classe. Mas os pais não se preocuparam em matriculá-lo. “Senhor jornalista, quando a criança recebe os ensinamentos da vida e não obedece, os pais devem apenas ficar a olhar?”, questionou-nos Yaficane Chequele visivelmente sem argumentos para a sua tamanha brutalidade.
O caso do menino Yacuba está a comover os vizinhos naquele bairro. Estranham que pais estejam a submeter o próprio filho a uma vida madrasta. Fátima Celestino contou que não acha motivos para que o menino seja tratado de forma desumana pelos seus pais. Ela confirma que realmente Yacuba vive um tormento. Ninguém no bairro teve ainda a coragem de participar o caso à Polícia.
Fernando Ali disse que algumas vezes falou com os pais de Yacuba na tentativa de lhes fazer entender que agem de forma errada contra o próprio filho. Porém, não ouvem sequer o conselho de quem quer que seja. Ninguém ainda decidiu apresentar o problema ao Gabinete de Atendimento à Mulher e Criança Vítimas de Violência Doméstica.
De acordo com Fernando Ali, por várias vezes o secretário da unidade comunal tentou, sem sucesso, sensibilizar os pais da criança para enveredarem por outras práticas menos violentas. Nisso resultou que o pai de Yacuba ameaçou esquartejar o secretário do bairro caso voltasse a ser abordado a respeito da maneira como educa o filho.
Não foi possível falar com o secretário da unidade comunal porque até o fecho desta edição não se encontrava na sua residência.