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Reclusos da B.O choram diante do Procurador-Geral da República

Os reclusos da cadeia de Máxima Segurança da Machava, vulgo B.O tentaram esta quinta-feira (20), a todo custo, sensibilizar e comover o Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Paulino, a fazer algo palpável no sentido de atenuar o calvário a que estão votados naquela penitenciária. Choraram ao vê-lo visitar aquela prisão.

Eram sensivelmente 9 horas quando a comitiva da PGR chegou a B.O. Depois de uma reunião com a Direcção daquela prisão, começou a ronda por alguns blocos e celas. Os reclusos, que abarrotavam o recinto, mal viram Augusto Paulino desdobraram-se em gritos e lágrimas, pedindo ao guardião da legalidade para livrá-los de tanto sofrimento pelo qual supostamente passam naquela cadeia.

Os reclusos transpareceram a vontade de contar ao PGR, na primeira pessoa, as condições pelas quais dia após dia passam naquele local, onde uns estão em prisão preventiva e outros a cumprir penas.

Os detidos, embora ávidos de desabafar, agitavam-se de lés a lés enquanto Augusto Paulino prosseguia com a visita. Aliás, quando eles gritam eis que os guardas prisionais ameaçavam-nos com promessas de recolhê-los às celas ou então repreendê-los.

Diferentemente do que aconteceu aquando da visita às celas do Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Maputo, esta quarta-feira (19), na B.O os jornalistas tiverem um contacto directo com os reclusos. Porém, deles não se podia colher quaisquer informações.

Reclusos interagem com o PGR

No contacto com o PGR, os enclausurados leram uma mensagem colectiva, cujo teor deixa rastos de ter sido forjado por alguém da Direcção com o propósito de passar uma imagem imaculada da situação prisional na B.O.

Uma vez mais, os jornalistas foram impedidos de acompanhar de perto o diálogo entre Augusto Paulino e os reclusos. Entretanto, o perímetro traçado para isolar a Imprensa do refeitório onde decorria a interacção era possível ouvir algumas coisas.

“Queremos ouvir o que estão a ler nessa mensagem. Deixem-nos falar ao vivo o sofrimento por que passamos aqui. Já estamos cansados deste inferno. Pelo menos hoje queremos que o senhor Procurador-Geral oiça o que temos a dizer”, vociferavam os reclusos, acto que fez com que um deles fosse retirado do refeitório por não conseguir conter os ânimos.

“Por que motivos estão a me tirar da sala? Afinal eu também não tenho direito de falar? Desde que vi o Procurador em 2009. Não é sempre que ele vem para aqui. Por isso deixem-nos contá-lo a nossa triste realidade nesta cadeia”, comentava o mesmo jovem que uma vez retirado da sala foi recolhido às celas. Os reclusos sentiram-se inferiorizados e abandonaram o refeitório antes do fim do encontro.

Superlotação: o velho problema

No fim da visita, a Procuradora-Geral Adjunta da República, Lúcia Maximiliano, disse a jornalistas que dentre os problemas constatados naquele centro prisional constam: a inobservância dos prazos de instrução preparatória e prisão preventiva. Segundo a magistrada, é urgente corrigir o problema porque viola os direitos fundamentais dos cidadãos ali presos.

Relativamente à superlotação, referiu tratar-se de fenómeno vigente nos outros estabelecimentos prisionais espalhados pelo país, onde também faltam equipamentos para um funcionamento pleno dos centros de saúde interno.

A B.O, segundo a Procuradora-Geral Adjunta, tem capacidade para albergar 600 reclusos, contras os 864 existentes neste momento, dos quais 440 são condenados e os restantes 424 estão presos preventivamente.

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