Meninas e Meninos, Senhoras e Senhores, Avós e Avôs
O Mamparra desta semana é o governador da província da Zambézia, Itai Meque, que praticamente mandou paralisar as actividades do sector público daquele ponto do país para a recepção da primeira-dama, Maria da Luz Guebuza, no dia 13 de Setembro.
Itai Meque, com este gesto, sobe ao podium dos mamparras, por ir na contra-mão do apregoado pelo marido da primeira-dama, que tem proclamado aos quatro ventos que “este não é tempo de andar, mas sim de correr”.
O que terá motivado Itai Meque a paralisar uma província apenas para receber a senhora Maria da Luz Guebuza? A entronização da monarquia?
Já antes tínhamos assistido a uma outra mamparrice deste senhor, com requintes de autoritarismo e arrogância soberba, numa tentativa de usurpação de um imóvel, pertença do património municipal.
No referido caso, tratou-se de um imóvel onde funciona a Direcção Provincial de Educação e Cultura na Zambézia, de três pisos, localizado na avenida Heróis de Libertação Nacional. Este é um exemplo dessa usurpação.
Relatos dos media locais, na época dos factos, davam conta de que a “team Itai” tentou registar aquele imóvel como propriedade sua, mas que nos documentos existentes na então Administração do Parque Imobiliário do Estado (APIE) está claro que aquele edifício é pertença do Conselho Municipal de Quelimane.
A descoberta de “flats” que ainda não foram alienadas (já não existem senão muitos de nós teriam uma) tem sido o criminal modis operandi em golpadas que deviam constar das enciclopédias e dos manuais de Direito, para que os meninos de hoje e senhores de amanhã saibam como se organizam as associações criminosas. Os brasileiros chamam de “formação de quadrilha”!
Ao parar, melhor, mandar parar a província para receber com glórias e hossanas a primeira-dama, Meque acabou por reescrever, como uma mamparrice, o seu nome na história dos bajuladores, aduladores, lambe-botas que teimam em ir contra a ordem natural das coisas.
Quem vai arcar com o prejuízo desse dia de trabalho perdido? A quem se deve descontar o salário? Naturalmente que só quem de direito o pode fazer, e, no caso, estamos em crer que é o Presidente da República, Armando Guebuza, esposo e marido de Maria da Luz.
Já vimos aqui no jornal @Verdade, e lemos abismados, que o governador da Zambézia “rejeitou” um relatório de actividades apresentado pelas autoridades do posto administrativo de Gonhane, distrito de Inhassunge.
Itai Meque, ao escalar aquele distrito, foi confrontado com várias queixas populares sobre os critérios de atribuição do Fundo de Iniciativa Local (FIL) – vulgo 7 milhões – e ficou frustrado com as lacunas e a falta de elementos necessários para confrontar as suspeitas de irregularidades de gestão, tendo optado por “chumbar” o relatório.
“O modelo do relatório não seguiu a estrutura e não tem dados comparativos. Assim, fica difícil avaliar como é que o posto administrativo está organizado, o relacionamento com o cidadão e as questões de planificação”, considerou o governador, citado, pelo “Diário de Moçambique”.
Em Gonhane, a população alegou, num comício popular orientado por Itai Meque, que apenas os directores de escolas e professores é que podem contrair empréstimos disponibilizados através deste fundo.
Estas queixas resvalam para o campo da improdutividade que tende a ganhar contornos alarmantes em todo o país.
Não estamos, felizmente, numa monarquia!
Grande mamparra, mamparra, mamparra.
Até para a semana!