A China envolveu pela primeira vez, Quarta-feira (19), o ex-político do alto escalão do Partido Comunista Bo Xilai num acto criminoso, num relato do julgamento de um chefe de polícia publicado na mídia estatal.
O ex-chefe de polícia da cidade de Chongqing Wang Lijun tentou dizer à “pessoa mais importante do comité do Partido de Chongqing na época” – ou seja, o então chefe do Partido Comunista da cidade, Bo – que a esposa dele, Gu Kailai, era suspeita de ter assassinado um empresário britânico.
Wang, porém, foi “furiosamente repreendido e teve as suas orelhas esbofeteadas”, de acordo com o relato oficial da agência de notícias Xinhua sobre o julgamento de Wang, esta semana, na cidade de Chengdu, perto de Chongqing.
A referência a Bo, praticamente inconfundível, aumenta as chances de ele enfrentar acusações criminais, possivelmente por tentar encobertar o crime. Até agora, Bo foi somente acusado por quebrar a disciplina interna do partido.
O escândalo de Bo abalou o governo chinês, expondo richas dentro do Partido Comunista, que governa o país e tem entre alguns dos seus membros fortes defensores das políticas populistas, com inclinações de esquerda, de Bo.
O caso desenrola-se num momento em que a China prepara-se para a escolha de um novo presidente, facto que ocorre a cada dez anos no país. Wang, de 52 ano, deu início à apuração do assassinato do empresário britânico Neil Hewood e do encobertamento do caso em Fevereiro, quando dirigiu-se ao consulado dos EUA, em Chengdu e, segundo as fontes, revelou o crime que acabaria por levar à destituição de Bo do poder na cidade.
Passadas 24 horas da visita de Wang ao Consulado, Bo foi removido do cargo de chefia no PC local e do Politburo (instância de poder do partido).
A mulher de Bo, Gu foi acusada de envenenar o empresário e, posteriormente, sentenciada à morte, pena que foi suspensa.