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Imprensa chinesa cita o vice, mas os rumores persistem

A China divulgou os primeiros comentários atribuídos ao futuro presidente Xi Jinping em dez dias, período em que o seu sumiço motivou inúmeros rumores.

Mas ele continua sem aparecer em público ou ser fotografado. Xi faltou a reuniões com autoridades estrangeiras em visita à China na última semana, mas na noite da Quarta-feira (12), foi citado na imprensa estatal dando as condolências à família de um veterano funcionário comunista morto, semana passada.

O governo chinês ainda não divulgou nota a responder directamente aos rumores sobre a saúde do dirigente, de 59 anos. Especula-se que ele teria sofrido uma dor nas costas, um problema cardíaco, um derrame ou um acidente de carro.

Os especialistas na China acreditam que Xi esteja a sofrer um problema leve de saúde, versão corroborada por fontes próximas ao regime, mas a recusa do governo chinês em esclarecer a situação começa a gerar burburinho nos mercados financeiros globais.

“Xi Jinping tem preocupado as pessoas. Ele está fora da visão do público já faz cerca de uma semana”, disse Francis Cheung, director de estratégias para China e Hong Kong do grupo de investimentos CLSA.

Outro estrategista, trabalhando numa correctora de títulos dos EUA em Tóquio, disse, pedindo anonimato, que o silêncio da China, embora siga a tradição de não discutir a saúde dos seus líderes, pode indicar alguma discordância nos bastidores.

“Suponho que todo esse incidente reflicta alguns atritos nos bastidores na formulação de políticas sob a nova liderança”, acrescentou.

Mas a incerteza por enquanto não influi negativamente nos mercados chinês ou global, preocupado demais que estão com a crise da dívida na Europa e com a desaceleração na economia da própria China.

Xi é amplamente apontado como futuro presidente da China, a ser aclamado num congresso partidário previsto para Outubro. Algumas fontes disseram que Xi mutilou as costas ao nadar, mas não deram mais detalhes.

O regime comunista chinês troca o seu primeiro escalão a cada dez anos, e o processo, este ano, está a ser marcado por vários escândalos, notavelmente a destituição do dirigente regional Bo Xilai, cuja mulher foi recentemente condenada à morte pelo assassinato de um empresário britânico, mas teve a pena suspensa.

Noutro escândalo, este mês, um aliado sénior do presidente Hu Jintao foi rebaixado após fontes afirmarem que o filho dele esteve envolvido num acidente com vítimas, com um carro desportivo de luxo.

Congresso do PC

A última aparição pública da qual se tem conhecimento de Xi, que deverá ser nomeado novo chefe do partido, próximo mês, e assumir as rédeas como presidente em Março, foi a1 de Setembro.

Mas as especulações intensificaram-se, semana passada, quando ele faltou a reuniões com o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, e a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.

Esta semana, uma oportunidade de foto previamente programada com Xi e o primeiro-ministro dinamarquês não aconteceu. A China tem ainda que anunciar formalmente a data para o congresso do partido em que Xi será indicado, embora ainda seja amplamente esperada a realização em Pequim, próximo mês.

“É de facto muito preocupante que eles ainda não tenham anunciado a data do congresso, e está muito, muito perto agora”, afirmou um diplomata europeu sediado na China à Reuters, sob condição de anonimato.

Ele disse que havia entendido que os hotéis nos arredores de Pequim tinham feito reservas relacionadas ao congresso para a terceira semana de Outubro.

Condolências

Em despacho divulgado na noite da Quarta-feira (12), o serviço noticioso China News disse que Xi e outros líderes chineses manifestaram condolências à família de Huang Rong, funcionário aposentado da região de Guanxi, que morreu, Segunda-feira (10), quando Xi deixou de comparecer a uma reunião em Pequim com a secretária norte-americana de Estado.

Novamente questionado sobre Xi na sua entrevista colectiva desta Quinta-feira, o porta-voz da chancelaria, Hong Lei, negou de comentar. “Já respondi a essa pergunta muitas vezes”, afirmou.

Usuários de Internet na China espalharam rumores sobre Xi, enquanto o governo chinês prepara-se para o 18° Congresso do Partido Comunista, numa transição de poder que ocorre uma vez a cada década, para uma nova liderança que será encabeçada por Xi.

Os especialistas dizem que o silêncio oficial sobre a situação de Xi frente aos boatos mostra que o governo ainda tem que adequar-se à sua condição de segunda maior economia mundial e superpotência emergente.

“É realmente motivo de admiração que possamos especular como estamos a fazer sobre a liderança do segundo país mais poderoso do mundo”, disse David Finkelstein, director de estudos sobre a China na CNA, um instituto de pesquisa dos EUA, num fórum em Washington.

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