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“O boxe neste país está muito doente”

Boxe: Ben quer ser mesmo o Big

Quem assim o diz é Benjamim Uamusse, conhecido nos meandros do boxe por Big Ben, presidente da Associação de Boxe da Cidade de Maputo (ABCM). Para este dirigente associativo, o pugilismo na capital do país encontra-se num estágio em que não se sabe se está a “caminhar” para a frente ou para trás.

Todos os problemas que se colocam ao pugilismo moçambicano, assumidamente numa condição deplorável, estão, para Big Ben, intrinsecamente ligados à crise directiva que assola o país.

É que, no seu entender, há problemas sérios na gestão do órgão máximo que lida com a modalidade, no caso vertente a Federação Moçambicana de Boxe (FMB), liderada por João Caldeira.

“É uma federação que não tem planos concretos e que trabalha distante das associações. Eu pessoalmente, sem exagero algum, nunca vi a cara do presidente” disse Ben para a seguir acrescentar que “a federação não conhece os reais problemas do boxe moçambicano. Não ausculta os seus associados para, no mínimo, inteirar-se dos seus problemas. Além disso, em apenas quatro anos só organizou um campeonato nacional.”

Sobre a alegada falta de fundos, evocada como a maior causa da incerteza do boxe em Moçambique, Big Ben afirmou que as agremiações, sejam elas de âmbito nacional ou provincial, regra geral, não vivem com base no dinheiro.

Seguro de si, Ben lançou uma forte mensagem ao dizer que “não é necessariamente de dinheiro que o boxe moçambicano precisa, mas sim da elaboração de um plano colectivo ou de uma visão futurista para a modalidade, até porque eles recebem dinheiro anualmente do Fundo de Promoção Desportiva. Mas eu desconheço o destino do mesmo”.

No que diz respeito à capital do país, soubemos do nosso interlocutor de que o boxe nunca recebeu fundos da federação, mas mesmo assim luta para o levar avante com a organização anual de, no mínimo, três eventos, nomeadamente, o Torneio de Abertura, a Taça de Maputo e o Campeonato.

Porém, quando questionado sobre como a ABCM tem conseguido organizar tais provas, o nosso interlocutor respondeu que tudo passa por uma questão de planificação, havendo casos em que ele tira fundos do seu próprio bolso para arcar com as despesas, para além contar também com a ajuda de alguns amigos e parceiros privados.

No capítulo da formação, Ben refere que Maputo é um exemplo, embora isso de per si não mude nada no actual cenário. “Tudo deve partir do topo. Temos de planificar, ter uma visão do que queremos com a formação e saber como materializar tais projectos. Posso garantir que aqui neste país, só para não falar de Maputo, as pessoas que trabalham na formação estão isoladas e entregues à sua própria sorte. Não há visão nenhuma e nem sequer se tem metas. Mas temos uma federação, o que é mais caricato”.

Ainda no capítulo da formação, Big Ben monstrou-se contra a ideia da contratação de técnicos estrangeiros pois “existem no país bons formadores de boxe que só precisam de ser capacitados. A federação devia organizar cursos”.

Em relação a infra-estruturas, o nosso entrevistado não deixou de apontar o dedo ao Governo por até hoje não ter disponibilizado um espaço para a construção de um pavilhão desportivo para o boxe.

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