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Forças Armadas da África do Sul em estado de alerta devido a encontro de Malema e soldados descontentes

Forças Armadas da África do Sul em estado de alerta devido a encontro de Malema e soldados descontentes

As Forças Armadas da África do Sul, SANDF, estão de estado de alerta, pela primeira vez nos 18 anos de democracia, devido a um encontro que acontece esta quarta-feira entre Julius Malema e os soldados que reclamam por melhores condições de vida.

O destituído líder da ala juvenil do ANC, Congresso Nacional Africano no poder, encontra-se reunido com os militares nos arredores da base militar de Lenasia, a excessos quilómetros da cidade de Joanesburgo nesta quarta-feira.

Este encontro acontece depois de Malema ter se reunido com os mineiros das diferentes companhias da Província de Gauteng, onde convidou os mineiros a observarem uma greve de escala nacional apartir desta quarta-feira.

O porta-voz de Malema, o também destituido da liga juvenil do ANC, Floyd Shivambu, destacou em comunicado, que este encontro surge em resultado dos apelos feitos por parte dos militares à Julius Malema, para que este se reúna com eles para que se familiarize com os problemas que os afectam.

“Finalmente, os componentes da mais importante ala da defesa da República da Àfrica do Sul, decidiram falar abertamente da marginalização a que estão sujeitos no exercício das suas funções,” destacou Shivambu em comunicado.

Estado de alerta

O porta-voz do Ministério da Defesa da Àfrica do Sul, Siphiwe Dlamini, confirmou o estado de alerta no seio das forças armadas a nível nacional.

“As forças Armadas não constituem uma força partidária. E este encontro dos militares com Malema é visto como uma medida de incitamento, que para nós é visto como um acto criminal, lê-se no comunicado do Ministério da Defesa.

Também em comunicado, a Ministra dos Antigos Combatentes, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, destaca que tem sido a intenção de Julius Malema nestes últimos dias, criar uma situação de caos no sector das minas para que a economia sul-africana se desestabilize.

“O país não pode conseguir lidar com a estabilidade vivida nas minas no seio militar. As SANDF, constituem a última linha da defesa do país. Nós não podemos admitir que alguém jogue a sua política à instituição,” destaca a titular da pasta dos veteranos.

Segundo Mapisa-Nqakula, qualquer tentativa de sabotagem ou de desestabilização da área militar será considerado de anti-patriótico e anti-revolucionário.

Nenhum militar, segundo o comunicado do ministério de tutela, foi autorizado pelas altas patentes militares a tomar parte da reunião planificada com Malema, adiantando ainda que qualquer soldado que tomar parte deste certame será submetido ao código de conduta das Forças Armadas de Defesa da Àfrica do Sul, SANDF.

Por seu turno, o porta-voz do Sindicato Nacional da Defesa, Pikkie Greeff, afirmou que a sua organização não estava envolvida no assunto, tendo destacado que os seus aliados pretendem discutir com o jovem Julius Malema questões ligadas com as nomeações de altas patentes militares por parte do ANC, baixos salários, reivendicações em volta das exonerações e questões de ordem disciplinar.

Malema falou para o mundo

Falando na noite de terça-feira à cadeia de televisão CNN, Julius Malema reiterou, mais uma vez, o convite a uma greve de escala nacional dos mineiros, a mesma que havia feito nas primeiras horas na Mina de Gold Fields de Driefontein, nas proximidades de Carletonville, a este de Joanesburgo.

Dirigindo-se a uma audiência de cerca de 2 mil grevistas, Malema, apelou aos mineiros a obedecerem a uma greve nacional de cinco dias a cada mês, até que as chefias das minas respondam favoravelmente às suas demandas, que se caracterizam pelo aumento salarial e pela melhoria das condições de trabalho, bem como a exoneração das chefias do movimento sindical, a União Nacional dos Mineiros, NUM.

“Enquanto a NUM contar com a presidência de Senzeni Zokwana e Frans Baleni como o seu secretário-geral, os mineiros não terão nenhum progresso,” destacou Malema.

Questionado acerca das suas deligências às minas nos últimos dias, Malema, afirmou que a Liga Juvenil do ANC, ANCYL, herdou a liderança da luta para que os recursos minerais do país beneficiem a todos, especialmente para os que se sujeitam ao trabalho de risco para a sua extracção.

Malena, desmetiu ainda alegações segundo as quais teria entoado a polémica música “ Kill the Boer”, Matar o Boer, de autoria do braço armado do ANC, Umkhonto we Sizwe, durante a luta contra a segregação racial, o apartheid. Na mesma ocasião Malema disse ter substituido as palavras polémicas pelas reconciliatórias “ Kiss the Boer, kiss the farmer”, que significa beija o Boer, beija o agricultor.

Jogo político

Entretanto o porta-voz do NUM, Lesiba Seshoka, disse por seu turno que a convocação da greve “ilegal” é um acto infantil e irresponsável, tendo apelado aos seus membros a não acatar com o convite de Malema e a pautarem pela disciplina.

Noutro extremo, a Federação dos Sindicatos da Àfrica do Sul, Cosatu, apelou aos mineiros a não engrenarem no jogo político de Malema, que está a beneficiar-se das emoções e da revolta dos mineiros para fins pessoais.

A Cosatu, adiantou ainda que a agenda de Malema, não consiste no abalo ao patronato das minas, mas sim atingir e enfraquecer o sindicato dos mineiros, NUM.

Na mesma na senda, a activista da luta contra o apartheid, Mamphela Ramphele, defendeu que os eventos recentes de Marikana, por onde cerca de 34 mineiros foram mortos nas mãos da polícia, indicam que a sociedade falhou na visão para o bem estar do país depois da realização das primeiras eleições democráticas em 1994.

Ramphele, adiantou ainda que o Governo, o sector privado e os sindicatos deveriam tomar a responsabilidade dos actuais eventos. Para esta activista os líderes sindicais criaram brechas para que os outros tomassem vantagens da situação dos mineiros longe de os liderar.

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