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Os nossos campeões do mundo

Os nossos campeões do mundo

Embora ao karate não seja dada a devida atenção por se tratar de uma modalidade não olímpica, Moçambique é actualmente o quinto classificado no ranking mundial. O mérito deve-se a alguns atletas literalmente desconhecidos que, sempre que participam em campeonatos do mundo, trazem medalhas e exaltam o país na nata do desporto internacional. Nesta edição, o @Verdade traz as caras dos “campeões do mundo”. Ei-los:

Marisa Macie

De 25 anos de idade, nasceu na cidade capital do país, Maputo. Iniciou a carreira aos 13 anos quando, na altura, era tida como uma criança agressiva na escola. Abraçou o karate para desenvolver habilidades de autodefesa.

Contudo, viu as suas pretensões frustradas pois o karate ensina totalmente o contrário: saber respeitar o próximo e ter a capacidade de autodomínio, o que torna as pessoas seres superiores.

Participou pela primeira vez num campeonato mundial de karate em 2010, em Portugal. Perdeu os anteriores por falta de patrocínio mas também porque sentiu que não estava preparada para combater em eventos do género.

Em Portugal, Marisa conquistou uma medalha de ouro na disciplina de kumité individual. Em Julho de 2012 nos Estados Unidos de América, não conseguiu revalidar o título tendo ficado com a medalha de prata.

É uma karateca alegre, bastante optimista e que sempre acreditou no sucesso, sentimento que sempre a acompanhou nos dois últimos eventos mundiais em que tomou parte.

É actualmente estudante de Direito e o curso é custeado pelo próprio karate pois, para além de atleta, é também instrutora há já cinco anos. Contudo, não descarta a possibilidade de um dia abandonar o karate e seguir a carreira de juíza porque, no seu entender, o desporto neste país não dá dinheiro.

O seu melhor momento foi quando, logo após a final do mundial que decorreu nos Estados Unidos, o júri se levantou para saudá-la em reconhecimento da excelentíssima prestação no tatame. Marisa ouviu de um dos membros do júri os seguintes dizeres: “Tu não só és uma verdadeira mulher mas também uma verdadeira atleta. Parabéns e muita força”.

O seu pior momento foi quando, em 2008, após um treino intenso, soube que já não podia ir ao campeonato mundial da Suíça por falta de fundos. Apesar do susto, não desistiu do Karate.

Lu Ping

É das melhores karatecas que o mundo tem. Apesar da sua origem chinesa, foi em Moçambique que Lu Ping decidiu fixar residência. É casada e mãe.

Não é antiga no karate como se pode imaginar, aliás, foi em 2005 que ingressou na modalidade. Curioso é que enquanto muitos entram nas várias modalidades desportivas por influência dos mais velhos, Lu Ping foi influenciada pelos próprios filhos.

Bastaram apenas seis anos para Lu conquistar a medalha que a colocou na nata do karate internacional. Foi uma de pra- ta nos Jogos Africanos que decorreram em Maputo na categoria de kata em equipa, uma disciplina do karate.

Há um aspecto nesta karateca que chama a atenção dos curiosos: a sua idade. Lu Ping tem 43 anos e a sua incrível aptidão surpreende até os próprios companheiros. Quando questionada sobre o assunto, a habilidosa atleta respondeu que se sente ainda em forma para o karate e que está cheia de vontade de continuar a orgulhar o país. Evoca, noutra vertente, o facto de ter Carlos Dias como seu mestre, o que no seu entender é uma “sorte divina”.

Como segredos para o sucesso no karate, ela invoca o gosto pela modalidade, o bom mestre que tem e a dedicação.

Lu Ping sagrou-se recentemente campeã mundial de Kimura Shukokai na disciplina de kata individual em Nova York, Estados Unidos da América. É cinturão preto desde 2010.

António Wong

Nasceu na capital do país, Maputo. Tornou-se karateca aos nove anos de idade, em Agosto de 2004.

A sua veia karateca nasceu quando, num belo dia, durante um passeio, viu na entrada de uma escola uma foto do Mestre Carlos Dias a exibir um troféu de karate. Aquela imagem despertou em António a vontade de ser um grande vencedor das artes marciais.

Participou pela primeira vez num campeonato mundial de karate em 2008, numa prova que decorreu na Suíça, da qual guarda más recordações. É que, por ser a primeira vez e sem nenhuma experiência internacional, Wong levou um pontapé na face e cedeu.

Porque os campeonatos mundiais decorrem de dois em dois anos, no evento a seguir ao da Finlândia, que decorreu em Portugal, António Wong conquistou a sua primeira medalha, a de bronze.

Já em Junho deste ano, em Nova York, Wong trouxe para o país uma medalha de prata na disciplina de kata individual. O jovem atleta, que por obrigações académicas se encontra a residir actualmente no Reino da Suazilândia, veste o cinturão preto desde 2011 e é, curiosamente, filho da Lu Ping.

Rogério Wong

É um talento promissor do karate moçambicano. Com apenas 13 anos de idade, Rogério sagrou-se vice-campeão mundial na disciplina de kata individual em juniores. Mas com 11 anos de idade, ou seja, em 2010, conquistou também no Campeonato Mundial de Karate a medalha de bronze para Moçambique naquele escalão.

É natural de Maputo e, seguindo os passos do irmão, António Wong, tornou-se karateca com apenas cinco anos de idade.

É estudante e encontra-se actualmente a estudar e a residir no reino da Suazilândia e, ainda assim, não deixa de praticar o karate embora sem mestre, uma vez que Carlos Dias se encontra em Maputo.

Rogério Wong quer afirmar-se e pretende para já sagrar- -se campeão mundial de karate na disciplina de kata em juniores em 2014. Tornou-se cinturão preto também em juniores no presente ano.

 

 

Stélio Antonas

É o actual campeão mundial em kata por equipas e kumité individual, ou seja, no último Campeonato do Mundo de Karate que decorreu nos Estados Unidos conquistou duas medalhas de ouro.

Nasceu na cidade da Beira em 1995 e tornou- -se karateca em Maio de 2007. No ano seguinte participou pela primeira vez num campeonato do mundo na Suíça, tendo terminado na terceira posição.

É um indivíduo que gosta do karate desde os seus primeiros anos de escolaridade e foi bastante influenciado pelos filmes de origem asiática. O convite para fazer parte de uma escola de karate foi-lhe endereçado na altura por um amigo e colega de escola, na cidade da Beira.

Atingiu o topo da carreira este ano nos Estados Unidos da América quando conquistou duas medalhas de ouro e, neste momento, a sua grande ambição é ajudar Moçambique a revalidar os dois títulos, bem como conquistar muitos outros.

 

 

Zain Cruz

É o bicampeão mundial de karate na disciplina de kata por equipas. Nasceu há sensivelmente 16 anos na cidade da Beira, capital da província de Sofala. Influenciado pelos filmes de artes marciais de Bruce Lee, “invadiu” pela primeira vez os tatames em 2003, mas longe de pensar que era um desporto e acima de tudo uma cultura que inculca o respeito e o amor ao próximo nos seus fazedores.

Zain queria apenas tornar-se um “agressor” dos amigos de infância. Integrado no karate, Zain mudou totalmente de comportamento, passando de criança violenta para um sujeito carinhoso e solidário.

Participou pela primeira vez num campeonato do mundo de karate em 2008 na Suíça mas foi apenas para ganhar experiência com vista a eventos posteriores. Dois anos mais tarde, em Portugal, Zain vingou-se e tornou-se pela primeira vez, em representação das cores nacionais, campeão mundial em kata por equipas.

Entre os anos 2010 e 2012, Zain, com o apoio do seu mestre Amílcar Soares, intensificou os treinos e participou em vários campeonatos, nacionais e internacionais. O propósito era competir ao mais alto nível do Campeonato Mundial de Karate que decorreu em Julho último em Nova York, no qual Zain se tornou bicampeão de kata por equipas e, ainda, conquistou a medalha de bronze individualmente.

Andreia Antonas

Nascida a 01 de Março de 1997, Andreia teve as primeiras aulas de karate em 2007 por influência do irmão, Stélio.

Reconhece que, tal como as outras pessoas, encarava o karate como uma modalidade que visava a violência gratuita. Porém, mudou essa forma de pensar quando começou a frequentar os tatames.

Como ela afirma, com a prática do karate as pessoas ganham um maior discernimento, tornando-se mais inteligentes e disciplinadas.

Participou pela primeira vez num campeonato mundial de karate neste ano nos Estados Unidos da América. E, por se tratar de uma estreia, o objectivo dela era apenas o de competir para ganhar experiência.

Andreia conta que foi ao evento de Nova York bastante ansiosa e sem esperanças de sair de lá com alguma medalha. Entretanto, teve a sorte de se consagrar campeã mundial no estilo kumité individual.

Mas não foi exactamente por mera sorte, afinal esta jovem atleta já treinava arduamente e terá participado outrossim em muitos eventos, quer nacionais, quer regionais. Porque não estava nos seus planos triunfar, Andreia foi da delegação moçambicana a integrante que mais se emocionou com o título.

Neste momento, o objectivo desta karateca passa necessariamente por estar no próximo campeonato mundial, que vai decorrer na vizinha África do Sul, e renovar o título.

Carlos Dias

Quando em Moçambique se fala de karate, o primeiro nome que aparece é o de Carlos Dias, presidente da federação moçambicana daquela modalidade e, simultaneamente, instrutor-chefe de Kimura Shukokai, uma das variadas disciplinas daquela arte marcial.

É karateca de referência a nível do país e, como dirigente, é responsável por toda uma geração de novos atletas que hoje domina o mundo.

Deu os primeiros passos no karate no longínquo ano de 1980 e só em 1999 é que foi nomeado delegado responsável em Moçambique pela Federação Internacional que zela pela modalidade a nível mundial.

Por mérito e também por ser o mais antigo karateca, é nomeado instrutor-chefe a nível nacional. Com o advento dos Jogos Africanos de Maputo, edição 2011, criou-se a Federação Moçambicana de Karate e Carlos Dias, numa lista única, venceu as eleições e tornou-se o primeiro presidente da agremiação.

Participa nos campeonatos mundiais de karate há sensivelmente 12 anos e sempre ocupou os três primeiros lugares do pódio, ou seja, desde 2000 tem vindo a conquista medalhas de bronze.

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