Apenas 26% das 151 empresas privadas financeiras e não financeiras activas em Moçambique têm a sua produção direccionada para abastecer o mercado interno e as restantes 76% daquele universo de firmas têm a sua produção vocacionada para exportação.
Do leque das empresas exportadoras detentoras de um stock no valor de 3242 milhões de dólares norte-americanos, as pertencentes à categoria dos grandes projectos têm uma proporção de 60% do total, em linha com a estrutura das exportações de Moçambique dos últimos 11 anos, caracterizada pelo maior peso dos bens exportados por estes empreendimentos.As conclusões acima apontadas são de um inqué- rito patrocinado pelo Banco de Moçambique (BM) sobre activos e passivos financeiros externos de empresas privadas financeiras e não financeiras moçambicanas e constam de um documento publicado por esta instituição financeira em Julho de 2012.
O inquérito também aponta para uma magnitude de activos no exterior de 1825 milhões de dólares, em 2010, sendo os depósitos os mais significativos com uma proporção de 67%, enquanto o investimento directo no exterior tem a “mais ínfima quota”, representando apenas 0,08% dos activos externos totais.
O estudo concluiu também que uma elevada parcela de activos, de 81%, é de curto prazo e, considerando que é constituída por depósitos dos bancos comerciais no exterior, os mesmos podem ser vistos como parte dos activos de reserva em sentido lato.
Origem de capitais
Comparativamente à origem dos capitais com a dos bens importados que afectam primariamente a capacidade de oferta da economia, o mesmo documento do BM destaca a “significância” da África do Sul na origem, tanto dos capitais como dos bens, enquanto as ilhas Maurícias, Portugal e Austrália destacam-se na origem dos capitais e os Países Baixos, Índia, China e Japão são países de origem dos bens das empresas privadas.
No tocante ao destino dos capitais e das exportações que afectam o lado da utiliza- ção, a economia sul-africana afirma a sua primazia nas duas categorias com 13% e 21%, respectivamente, enquanto Portugal absorve 13% dos capitais e 4,8% das exportações.
Outras economias como os Países Baixos e China aparecem como países de absorção das exportações, com um peso mínimo no destino dos capitais, enquanto os Estados Unidos da América e o Reino Unido agregam, individualmente, 26% dos capitais investidos no exterior.
Importa, entretanto, referir que a concentração dos pas- sivos externos nas empresas da indústria extractiva, para além da transformadora, corrobora com a atractividade e as potencialidades do sector, em Moçambique, e “tonifica” a necessidade de monitoria dos preços do gás, petróleo, carvão e ilmenite e seus derivados como possíveis fontes de vulnerabilidade externa, com repercussões sobre a sustentabilidade da dívida externa privada, esclarece o documento.