Um jovem morreu depois de atear fogo ao próprio corpo na Faixa de Gaza, aparentemente em protesto contra as dificuldades económicas no enclave palestino, informaram a família do rapaz e a polícia, esta Segunda-feira (3).
Ehab Abu Nada, de 18 anos, saiu de casa, Quinta-feira, depois duma discussão com o pai, que havia insistido para que ele procurasse trabalho para ajudar a alimentar a família humilde.
Frustrado na sua busca por emprego, Abu Nada encharcou-se de gasolina e ateou fogo a si mesmo dentro do hospital Shifa, em Gaza.
Os vizinhos disseram que ele pode ter escolhido imolar-se no hospital porque queria fazer um protesto e não suicidar-se, mas os médicos não puderam salvá-lo. Ele foi declarado morto, Domingo (2).
“Ele saiu para procurar trabalho e não voltou. O meu coração ficou partido”, disse o pai, a chorar, a uma rádio local. “Vivemos numa condição miserável. Vivemos numa casa alugada e eu mal consigo pagar a renda”, acrescentou.
Um oficial da polícia do movimento islâmico Hamas, que governa Gaza, disse que uma investigação estava em andamento sobre a morte de Abu Nada, citando o desemprego como o possível motivo. O suicídio de Abu Nada foi mais um sinal de frustração com a falta de trabalho no território litoral.
Um homem de Gaza também ateou fogo a si mesmo, ano passado, em desespero, mas sobreviveu. A morte do adolescente também relembra a autoimolação do pobre vendedor de frutas tunisiano Mohamed Bouazizi, em Dezembro de 2010, que provocou uma revolta que derrubou o presidente da Tunísia e estimulou protestos inflamados no mundo árabe.
Dois suicídios causados por fogo em Israel, este ano, coincidiram com protestos por justiça social. Mas poucos habitantes de Gaza preveem qualquer grande agitação como resultado do caso na Faixa de Gaza.
O local, desesperadamente pobre mas fortemente policiado, sofre um bloqueio económico israelita há anos. Um relatório da ONU divulgado, semana passada, mostrou que a pobreza era de 40 por cento entre os 1,6 milhão de habitantes de Gaza, dos quais 80 por cento dependem de ajuda externa.
Quase 30 por cento estavam desempregados. Não ficou claro como a morte de Abu Nada iria afectar as políticas do Hamas em Gaza.
A facção tomou o controle da região em 2007, depois duma breve guerra civil com as forças leais ao movimento Fatah do presidente palestino, Mahmoud Abbas, que controla a Cisjordânia.
Os palestinos reivindicam os dois territórios, incluindo Jerusalém Oriental, para um Estado futuro, uma aspiração dificultada pela rixa Fatah-Hamas, assim como pela reivindicação de Israel a toda Jerusalém e a sua ocupação da Cisjordânia.
Muitos moradores de Gaza e da Cisjordânia culpam a divisão política por destruir o tecido social palestino, reduzindo as esperanças dum Estado e prejudicando a economia.