A situação econômica mundial continua extremamente preocupante e difícil, com a ameaça de uma recessão global este ano, afirmou nesta segunda-feira o diretor gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), o francês Dominique Strauss-Kahn, em Genebra, Suíça.
“A situação é preocupante e difícil. Ela constitui o primeiro revés em mais de 50 anos para o crescimento mundial”, disse Strauss-Khan, referindo-se à previsão do FMI de uma recessão mundial para o ano de entre 0,5 e 1%.
“Há uma possibilidade de retomada em 2010, mas isso dependerá de certas condições e, em particular, de políticas audaciosas adotadas pelos governos”, acrescentou, em pronunciamento ao Conselho de administração da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
“Precisamos agir agora”, insistiu, pedindo aos governos que comecem pela retomada da “demanda”, na medida em que as políticas monetárias já atingiram seus “limites” após o uso pelos bancos centrais de medidas “não convencionais”.
O diretor gerente do FMI pediu assim a adoção de uma série de medidas destinadas a conter a crise, a começar pelos planos de retomada em massa e coordenados dos governos. O Fundo considerou que estes planos devem ser de 2% do PIB (Produto Interno Bruto).
“Estamos em 1,7%, o que não é exatamente o que havíamos pedido, mas no conjunto isso não é ruim”, reconheceu o francês, acrescentando ainda que, globalmente, a coordenação internacional está indo bem. O G20, que reúne os principais países ricos e emergentes, deve se reunir dia 2 de abril em Londres para coordenar a retomada mundial e trabalhar sobre uma restauração do setor financeiro.
Strauss-Kahn disse que “esta etapa é essencial, explicando que os planos de retomada derreterão como neve no sol sem um setor financeiro que funcione”.
Enfim, o diretor do FMI insistiu sobre a importância da ajuda aos países emergentes e mais pobres, dos quais alguns são ameaçados de “desabamento”.
“Precisamos trabalhar para restaurar suas capacidades de atrair investimentos”, indicou, justificando a importância dos planos de ajuda do FMI a estes países. Para isso, o fundo precisa de “muitos recursos”.
A União europeia prometeu semana passada reabastecer o FMI com 75 bilhões de dólares. Sobre estas ajudas, o diretor do FMI precisou que o Fundo, criticado há dez anos por suas exigências essencialmente orçamentárias, iria impor uma nova “condicionalidade social”.
Uma parte da ajuda deve ser utilizada para proteger os mais vulneráveis principalmente com a adoção de “janelas de segurança” sociais.
“Esta crise não deve se transformar em desemprego em massa”, disse Strauss-Kahn, lembrando os dados da OIT que teme 50 milhões de desempregados a mais no mundo.