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Movidos pelo exercício da cidadania

Movidos pelo exercício da cidadania

A cada dia que passa, o número de cidadãos que, através do Jornal @Verdade, reporta situações insólitas do quotidiano e que inquietam a sua comunidade cresce significativamente, levando-nos à seguinte questão: O que os motiva? Resposta: A imperiosa necessidade de exercer a sua cidadania é o combustível que move esse grupo que já ultrapassa uma centena de pessoas.

Há aproximadamente três anos que Isabel começou a interessar-se pelo Jornal @Verdade. Os conteúdos sobre Saúde e Mulher são as únicas coisas que chamavam a sua atenção, até passar por uma situação inquietante numa instituição pública. “Interessava-me apenas a coluna ‘Pergunta à Tina’ e, às vezes, lia a página dedicada à mulher”, diz a jovem mãe de 22 anos de idade.

Porém, no princípio deste ano a sua relação com o primeiro e único jornal gratuito em Moçambique mudou quando, aflita, se deslocou à Direcção de Identificação Civil da cidade da Matola para obter a Cédula Pessoal do seu filho. Um funcionário de serviço que a atendeu pediu-lhe 1500 meticais para tratar do documento urgentemente.

Indignada com a situação, até porque tinha conhecimento de que o custo da documentação não excedia os 100 meticais (e em alguns casos era gratuito), Isabel Bernardo lembrou-se do apelo “Seja um Cidadão Repórter! Denuncie problemas da sua rua, bairro ou cidade” que é lançado frequentemente pelo Jornal @Verdade na sua edição impressa. “Primeiro, fiquei sem saber o que fazer, porém, subitamente, veio-me à cabeça que o @Verdade tinha uma página de denúncias, embora ignorasse sempre”, conta. Quando chegou à casa, tratou de procurar um exemplar velho.

“Gravei o número no meu telemóvel, não me fiz de rogada e enviei a denúncia para o jornal”. Nascia, por assim dizer, uma Cidadã Repórter. Desde então, a jovem não pára de reportar os problemas por que passa ou com que depara no dia-a-dia na sua comunidade. “Sou contra a corrupção. A necessidade de dar a conhecer os problemas da população ao país é a minha maior motivação”, explica.

À semelhança de Isabel, Nádia da Silva é uma Cidadã Repórter movida pela necessidade de exercer a sua cidadania. Ela é uma das mais activas. “Não sei explicar ao certo o que me motiva, mas acho que tenho uma veia jornalística. Na verdade, gosto de partilhar as situações que me causam uma certa indignação”, diz.

Apesar de achar é um “trabalho” interessante, ela afirma que chega a ser bastante irritante na medida em que os leitores do @Verdade questionam a veracidade dos factos por si reportados. “Algumas pessoas chegam a fazer perguntas descabidas sobre os assuntos. Lembro-me de que já troquei mais de 10 e-mails com alguém que não acreditava no acontecimento que reportei”, diz.

O gosto pelo jornalismo faz de Aguinel Jamisse um Cidadão Repórter bastante dedicado. O jovem, de 25 anos de idade, tem vindo a reportar situações inquietantes por que passa no dia-a-dia. “Sempre quis dar o meu contributo à sociedade, e denunciar os problemas ou os casos com que deparo é uma forma que encontrei de exercer a minha cidadania”, afirma.

Aguinel já não se lembra quando começou a ler o Jornal @Verdade e a interessar-se pela ideia de ser um Cidadão Repórter. “Achei a iniciativa do @Verdade única e inovadora num país como Moçambique onde os cidadãos têm sido, digamos, insensíveis a tudo o que se encontra à sua volta”, comenta e acrescenta que gostaria de ver os assuntos reportados pelas pessoas investigados e publicados na edição impressa do semanário. “As informações dadas pelos leitores devem ser aprofundadas e se possível publicadas, pois só assim sentir-nos-íamos recompensados neste trabalho de exercício de cidadania”, concluiu.

Já o cidadão Edson Balango olha para a iniciativa Cidadão Repórter como um meio para fazer chegar as suas inquietações e da sua comunidade aos órgãos competentes. “Esta é uma maneira que encontrei para reportar aquelas situações que preocupam não só a mim, mas a todos os moradores do meu bairro”, explica.

Cidadão Repórter há pouco tempo, Balango quer ver respostas às denúncias e espera que mais cidadãos adiram à iniciativa levada a cabo pelo @Verdade. “A minha expectativa é que mais pessoas se envolvam neste projecto para a construção de uma sociedade mais justa”, diz.

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