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Inaugurações e acusações de fraude marcaram campanha eleitoral em Angola

Os 30 dias de campanha para as eleições gerais de sexta-feira(31) em Angola, que esta quarta-feira termina, foram marcados pelo domínio absoluto do partido no poder, com dezenas de inaugurações e as acusações de fraude da UNITA contra o órgão eleitoral. A dinâmica do MPLA, que governa Angola desde a independência, em 1975, confundiu-se com a governação do país e beneficiou, de forma evidente, de parcialidade na cobertura da imprensa estatal.

As inaugurações, agendadas convenientemente para este mês, foram um complemento da campanha eleitoral propriamente dita, com os partidos mais importantes da oposição, como a UNITA, PRS e CASA-CE a questionarem a equidade de tratamento e a parcialidade informativa.

Outra diferença entre o MPLA e as demais oito forças concorrentes foi visível nos tempos de antena na televisão pública, com o partido no poder a apresentar uma produção cuidada e apelativa.

Nas primeiras duas semanas de campanha, além da presença constante no terreno, com múltiplas atividades envolvendo todos os quadros do partido, do lado da oposição destacou-se a acusação à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de preparação de fraudes no escrutínio. O tema estendeu-se até ao fim da campanha, marcada na segunda quinzena pela continuação de múltiplas iniciativas do MPLA, reforçadas agora com a participação do seu líder, e Presidente da República, José Eduardo dos Santos, acompanhado da mulher, Ana Paula, em comícios realizados, no cômputo geral em 10 das 18 províncias do país.

A subida de tom das acusações de fraude feitas contras a CNE culminou com a realização de manifestações promovidas pelo partido do “Galo Negro” em todas as capitais provinciais, com o líder deste partido a manifestar disponibilidade para o adiamento por 30 dias das eleições, para ultrapassar as irregularidades alegadas.

A questão foi abordada logo no primeiro dia de campanha pela organização não-governamental Human Rights Watch, que manifestou em comunicado “sérias preocupações” em relação ao ambiente dos direitos humanos em Angola, que considerou “não ser favorável a eleições livres, justas e pacíficas”.

Com um terço da campanha eleitoral cumprida, o MPLA acusou em conferência de imprensa a UNITA, o PRS e a coligação CASA-CE, da preparação de atos de perturbação da ordem pública. Fora da luta eleitoral, mas tentando condicionar a campanha, o anúncio da realização de manifestações de rua pelos ex-militares angolanos chegou a provocar alguma ansiedade, mas o tema esgotou-se a si próprio, com os antigos combatentes a desistirem de sair à rua para protestar contra os alegados atrasos no pagamento de pensões, subsídios e vencimentos.

As notícias acerca da regularização destes pagamentos, poderão ter-se traduzido na desmobilização dos ex-militares em cumprirem as ameaças.

Os atrasos no credenciamento de jornalistas estrangeiros e de observadores eleitorais, incluindo o corpo diplomático acreditado em Luanda, motivaram, neste último caso, um contundente comunicado da embaixada dos Estados Unidos. Na nota distribuída à imprensa, o embaixador Christopher McMullen interpelou a CNE sobre o atraso relativo aos observadores, urgindo-a a emitir de imediato os competentes credenciamentos.

A 48 horas da votação, o favoritismo do MPLA é ponto assente, ameaçando novamente remeter a oposição para o papel de ator secundário do regime.

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