De Madonna ao ex-Beatle Paul McCartney, as estrelas pop do mundo pediram publicamente pela libertação das três integrantes da banda punk russa Pussy Riot, que estão a ser julgadas por um protesto contra o Kremlin feito no altar duma igreja.
Mas a resposta dos principais artistas da própria Rússia foi o silêncio. Quando questionados sobre o caso, muitos parecem intrigados pelo apoio obtido pelas cantoras no exterior.
“O que o Pussy Riot tem para obter o apoio de todas essas estrelas internacionais?”, questionou a cantora veterana russa Valeria no seu site. “Eles devem estar a falar isso porque alguém mandou.”
Quem conhece de perto a cena musical da Rússia afirma que as maiores estrelas do país tentam não se desentender com o presidente Vladimir Putin para não pôr em risco a sua principal fonte de renda: os shows particulares para os super-ricos, que pagam muito bem.
Outros podem pensar que tomar uma posição contra o Kremlin significa perder espaço na televisão estatal.
O artistas do mainstream russo também têm poucos motivos para solidarizar-se com o Pussy Riot, um colectivo de protesto mais interessado em fazer declarações políticas do que uma música bem acabada.
“Para muitas dessas pessoas, o trabalho principal é apresentar-se em festas corporativas para grandes empresas petrolíferas ou até mesmo para as principais autoridades do país”, disse o cantor de rock Yevgeny Fyodorov.
“Elas são parte do sistema de Putin e têm medo de deixá-lo”, disse Vasily Shumov, que compilou uma colecção online de canções, este ano, em apoio aos opositores de Putin, incluindo o Pussy Riot.
Negócio arriscado
Alguns profissionais do meio tomaram uma posição. Mais de 100 artistas, escritores, actores e músicos russos assinaram uma carta exigindo a libertação do trio do Pussy Riot, que entrou na principal catedral ortodoxa de Moscovo e apresentou uma canção a denunciar os fortes laços de Putin com o clero.
Mas a lista não inclui praticamente nenhum dos cantores mais conhecidos, que no geral não se manifestaram sobre o caso das três mulheres. Elas voltarão ao tribunal, Sexta-feira (17), para ouvirem o veredicto do juiz.
