Tardou, mas tombou. É tudo o que se pode dizer do Ferroviário de Maputo que (finalmente) perdeu a liderança do Moçambola volvidas 16 jornadas. A equipa locomotiva, sem o hábito de vencer fora de portas, perdeu diante do Chingale de Tete, facultando a ascensão do Maxaquene ao topo da tabela classificativa. O espectacular Clube de Chibuto não pára de cair e assume para já a sexta posição após a derrota no terreno do Têxtil de Púnguè.
A jornada 16 que rodou no pretérito fim-de-semana serviu para redefinir as posições na tabela classificativa. Entretanto, foi bastante pobre no que ao número de golos diz respeito, salvo o fervoroso jogo entre o Costa do Sol e o Ferroviário da Beira que produziu sete, no total.
Na abertura da jornada, o Costa do Sol aguentou até o último minuto para consentir uma dolorosa derrota por 4 a 3 numa partida que teve o condão de ser imprópria para cardíacos. O Ferroviário da Beira, que saiu para o intervalo a vencer por 2 a 0, com golos de Mauro logo ao segundo minuto e Paíto no décimo terceiro, ainda que sem praticar um futebol vistoso, viu um Costa do Sol completamente transfigurado já na etapa completar onde precisou de apenas 20 minutos para empatar o resultado com golos de Manuelito II e por Rúben.
E enganou-se quem achou que isso fosse tudo
O Ferroviário da Beira, beneficiando de um erro defensivo do outrora elogiado Zé Inácio, assumiu novamente a vantagem no marcador com a assinatura de Mauro que bisou no jogo. Todavia, a tristeza canarinha (e não a felicidade locomotiva visto que o campo esteve repleto de adeptos da equipa da casa) durou apenas um minuto, ou seja, aos 74 Manuelito I desferiu um portentoso remate que só parou no fundo das malhas de Wilard, restabelecendo a igualdade.
Numa altura em que as duas equipas se conformavam com o empate, no terceiro e último minuto do período de compensação, o árbitro da partida, Amosse Lázaro, viu a mão de Gito desviar a bola dentro da grande área e, sem rodeios, assinalou uma grande penalidade a favor da locomotiva do Chiveve, e Caló, chamado a converter, marcou o golo que selou as contas.
Ascender com a queda dos distraídos
Os adeptos do Ferroviário de Maputo que não puderam viajar a Tete e cientes dos obstáculos que a equipa ia encontrar diante do Chingale decidiram vestir-se a rigor e transformar o campo do Maxaquene num verdadeiro inferno que pareceu o Estádio da Machava. O motivo era óbvio: apoiar o HCB de modo a garantir o topo para a equipa locomotiva.
Entretanto, diga-se em abono da verdade, que se deram muito mal visto que nem precisou de ser a equipa tricolor a “presenteá-los” de tristeza. Quando o relógio marcava 15h14min, o campo do Maxaquene levantou-se por completo para, à distância, celebrar o golo de Maurício, do Chingale de Tete.
A notícia elevou a disposição dos atletas tricolores que num manifesto “tudo ou nada” subiram as linhas à procura de golo. O tento solitário que fez toda a diferença surgiu da cabeça de um central (Campira) no decorrer do primeiro minuto de compensação da primeira parte.
No segundo tempo, o rumo do jogo podia ter sido outro uma vez que o HCB, com a ajuda do vento que soprava no sentido contrário ao seu campo, dominou o adversário que só saía em jogadas de contra-ataque.
Contudo, a equipa tricolor não se deixou abalar e fechou-se para manter o resultado que lhe conferiu a subida para o topo da tabela classificativa, agora a dois pontos do Ferroviário de Maputo.
Distúrbios: Uma marca assumida no Moçambola
São cada vez mais frequentes os casos de violência e desordem nos campos de futebol, factores que retiram o brilho à mais importante competição do futebol moçambicano.
Se na jornada 15 registaram-se em pleno Estádio 25 de Junho, em Nampula, cenas de autêntica pancadaria, levadas a cabo por atletas do Ferroviário de Pemba contra a equipa de arbitragem e que culminaram com a suspensão preventiva pela Liga Moçambicana de Futebol de três jogadores para além de uma multa de 15 mil meticais aplicada ao clube do norte do país, nesta ronda 16 o cenário não foi diferente.
No sábado os adeptos canarinhos, segundos após o apito final do árbitro, não facultaram a saída das equipas de arbitragem e do Ferroviário da Beira arremessando garrafas e outros objectos para o interior do relvado. Os jornalistas também não escaparam à fúria dos adeptos que reclamavam do resultado alegadamente injusto.
Já no domingo, os jogadores do Desportivo de Maputo obrigaram a que o jogo fosse interrompido devido a uma grande penalidade muito mal assinalada pelo árbitro, uma conduta histórica que em nada dignifica o nosso futebol.
Quadro de resultados:
Costa do Sol 3 – 4 Ferroviário da Beira
Chingale de Tete 1 – 0 Ferroviário de Maputo
Ferroviário de Pemba 0 – 3 Liga Muçulmana
Incomáti 1 – 0 Ferroviário de Nampula
Maxaquene 1 – 0 HCB de Songo
Têxtil de Púnguè 1 – 0 Clube do Chibuto
Vilankulo FC – Desportivo *
*Interrompido
A classificação está assim ordenada:
EQUIPA | J | V | E | D | GM | GS | DG | P | |
1º | Maxaquene | 16 | 9 | 6 | 1 | 18 | 8 | 10 | 33 |
2º | Ferroviário de Maputo | 16 | 10 | 1 | 3 | 21 | 14 | 7 | 31 |
3º | Vilankulo FC | 16 | 7 | 5 | 3 | 11 | 6 | 5 | 26 |
4º | Costa de Sol | 16 | 6 | 6 | 4 | 23 | 19 | 4 | 24 |
5º | Ferroviário da Beira | 16 | 5 | 9 | 2 | 16 | 14 | 2 | 24 |
6º | Clube de Chibuto | 16 | 6 | 5 | 5 | 17 | 12 | 5 | 23 |
7º | HCB de Songo | 16 | 6 | 4 | 6 | 11 | 10 | 1 | 22 |
8º | Ferroviário de Nampula | 16 | 6 | 3 | 7 | 13 | 15 | -2 | 21 |
9º | Liga Muçulmana | 16 | 5 | 5 | 6 | 15 | 13 | 2 | 20 |
10º | Têxtil de Púnguè | 16 | 6 | 2 | 8 | 13 | 18 | -5 | 20 |
11º | Incomáti | 16 | 4 | 7 | 5 | 14 | 13 | 1 | 19 |
12º | Chingale de Tete | 16 | 3 | 10 | 4 | 15 | 12 | 3 | 18 |
13º | Desportivo de Maputo | 16 | 3 | 5 | 7 | 10 | 16 | -6 | 14 |
14º | Ferroviário de Pemba | 16 | 0 | 3 | 13 | 6 | 31 | -25 | 3 |
Próxima jornada:
Ferroviário de Maputo X Costa do Sol
Clube do Chibuto X Maxaquene
HCB de Songo X Vilankulo FC
Ferroviário da Beira X Têxtil de Púnguè
Ferroviário de Nampula X Chingale de Tete
Liga Muçulmana X Incomáti
Desportivo de Maputo X Ferroviário de Pemba