“Mamãe, vote em Obama”, “Barack Obama, a mudança chegou”, “Barack Obama: filho promissor, criança da esperança”: o 44º presidente americano, primeiro negro a comandar o país, tornou-se um verdadeiro superherói nos livros infantis que borbulham nos Estados Unidos.
Com apenas uma rápida olhada nas livrarias e nos catálogos on-line, descobre-se pelo menos 30 títulos sobre Barack Obama voltados para o público infantil – um recorde para o primeiro ano de um presidente. A primeira-dama Michelle também serve de fonte de inspiração para os autores juvenis, com pelo menos duas biografias.
Nos Estados Unidos, livros infantis sobre os presidentes e as grandes figuras históricas são uma tradição: George Washington, Abraham Lincoln e Martin Luther King, por exemplo, suscitaram centenas deles.
Nesse sentido, os observadores acreditam que o presidente Obama como herói de literatura infantil tenha um belo futuro pela frente, considerando-se que a maioria dos livros disponíveis foi publicada antes de sua vitória, em 4 de novembro de 2008.
O seu adversário na corrida pela Casa Branca, o republicano John McCain, aparece em um único livro, escrito pela própria filha – “Meu papai, John McCain”.
“Nós imaginamos que, mesmo que não fosse eleito, Barack Obama era alguém que teria um impacto na História, sobre quem os pais iriam querer falar para seus filhos”, disse à AFP Justin Chanda, vice-presidente da editora Simon and Schuster’s Books for Young Readers, que publicou um best-seller sobre o assunto.
O álbum biográfico ilustrado “Obama: son of promises, child of hope” vendeu 350.000 exemplares, “um sucesso estrondoso”. “Estamos nas nuvens”, afirmou Chanda, que arriscou uma primeira tiragem de 25.000, após a vitória das primárias de Iowa, em 3 de janeiro de 2008.
Na época, ele dizia que “se vendermos 25.000, ficaremos felizes”. “Há um grande número de livros sobre Barack Obama. O fato de chegar primeiro às livrarias nos ajudou muito”, avaliou o editor.
Esses livros exaltam o jovem Obama e sua busca, com base em sua própria autobiografia “Sonhos do meu pai”. “Quem sou eu ?”, pergunta-se, no livro, o pequeno Barry. “Eu não pareço com minha mãe, não pareço com meu pai, eu pareço apenas comigo mesmo”. Em “Barack Obama”, Jonah Winter diz que o presidente “chegou em tempos muito difíceis para a América.
Em todo o país, as pessoas perdem o emprego, sua casa, seu sentimento de esperança”. “Não há nada de político nos livros”, garante o editor da Simon and Schuster’s. “Contamos apenas a história de sua infância, como ele chegou lá. São apenas as origens de um cara do qual todo o mundo está falando”, justificou.
O ilustrador Bryan Collier concorda que fez um herói “como um messias, como um deus”, mostrando um jovem Obama na igreja, com uma lágrima que escorre pelo rosto, no momento em que ele tem a “revelação” de que quer chegar ao topo. “Eu só quis mostrar como uma pequena semente se tornou uma grande árvore, e essa árvore é Barack Obama”, explicou Collier.
Nas bibliotecas públicas locais, os seis livros do acervo sobre o novo presidente estão na lista dos mais emprestados. “Há um interesse louco por esses livros”, comenta Ebony Curry, ajudante de bibliotecária da Biblioteca Martin Luther King, no centro de Washington. “Temos professores que vêm, crianças que têm de apresentar trabalhos, fazer deveres sobre Obama”, acrescenta a diretora da seção infantil da instituição, Audrey Fields.