Entre Aqui e Ali é o nome que dá mote a um trabalho artístico de artes plásticas realizado pela artística plástica moçambicana, Maimuna Adm, e a sua confrade alemã, Cornelia Enderlein cuja exibição publica, próxima Sexta-feira, 03 de Agosto, no Instituto Cultural Moçambique-Alemanha, em Maputo, a partir das 19.30horas.
Se, para muitos amantes das artes contemporâneas, a mostra que se enquadra na edição de 2012 da Bienal do MUVART’12 (Expo de Arte Contemporânea) irá revelar o poder inventivo da mulher ao nível das artes, não menos verdade não nos parece ser que, ao mesmo tempo, será manifesta a mais valia das Tecnologias de Informação e Comunicação na aproximação de pessoas de locais distantes: “até à data do seu encontro, as artistas não se conheciam”.
Uma nota em nosso domínio revela que “as artistas colaboraram num trabalho em conjunto que foi desenvolvido em grande parte através da internet (por e-mail e skype, texto, audio, desenhos e fotografias), para desenvolver um mural executado especialmente para a Bienal e o espaço do ICMA”, na capital moçambicana.
Portanto, “com o acto de juntar dois artistas – que não se conhecem e que intencionam criar um trabalho colaborativo – chega-se logo á questão de se é possível encontrar tendências e interesses artísticos em comum”.
A par disso é natural que uma série de perguntas se desenvencilhem no seio de cada um de nós: “Qual é a preocupação dos artistas? Quais são as maneiras em que trabalham? Sobre que problemáticas reflectem?”
Vários campos temáticos apareceram: “a proximidade e a distância, o acesso e a exclusão, processos transformativos e também a comunicação. Trabalhando e reflectindo sobre estas questões juntos os artistas também questionam as possibilidades da arte hoje, analisando os seus contextos históricos, mediais e espaciais”.
“As artistas interviram directamente no espaço do ICMA trabalhando com desenho, vídeo e fotografia. O título do trabalho é Entre ali e aqui. Reflecte sobre o espaço imaginário, não definido, e também o espaço físico real entre aqui e ali”.
“No mural, Cornelia trabalha com a nuvem como símbolo de transformação. A nuvem funciona como um mediador entre o aqui e o ali porque não conhece fronteiras nem obstáculos, ela é uma viajante global. Ela incorpora a ideia da mudança como constante e vive entre criação e dissolução.
Ela é matéria, mas intangível. As mãos, que Maimuna regista, exploram a habilidade que o corpo tem para comunicar sem fazer uso da língua. Aqui são consideradas as possíveis interpretações e mal entendidos que podem aparecer para o individuo num mundo em permanente confronto e diálogo com outras realidades”.
“O desenho na parede junta as ideias dentro da noção da transformação: a transformação da informação, por exemplo, quando se traduz de uma língua a outra. Ou a transformação da distância quando duas pessoas se começam a conhecer melhor. Ou a transformação da distância física quando se move de” um ponto para o outro.
Quem são as artistas?
Cornelia Enderlin nasceu na cidade de Berlim em 1982. Completou a licenciatura em Belas Artes na Universidade de Belas Artes de Berlim, Alemanha em 2011 como aluna da Professora Valérie Favre. Vive e trabalha em Berlim. A exibição pública das suas obras iniciou no ano 2010, altura em que participou na mostra colectiva Projecto pelo Presente realizada na sua terra natal.
Maimuna Adam é moçambicana. Nasceu em Maputo em 1984. Realizou a sua licenciatura em Belas Artes na Universidade de Pretória, na vizinha África do Sul no ano 2008. A sua primeira mostra aconteceu no ano 2008, altura que participou na Expo MUVART.