O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, recomendou à população do seu país nesta segunda-feira que evite apertos de mão, o sexo casual e enterros feitos de maneira improvisada, para reduzir o risco de transmissão do vírus do ebola. Um surto da doença letal matou 14 pessoas e deixou muitas outras sob risco.
A recomendação de Museveni foi feita depois que pacientes e funcionários da saúde fugiram de um hospital na zona rural do oeste de Uganda, onde vários casos de ebola estavam sendo tratados. As autoridades tentam alterar o comportamento da população para conter a disseminação do vírus.
“Nós desestimulamos o aperto de mão porque isso pode causar o contato por meio do suor, que pode provocar problemas…e também a promiscuidade, porque essa doença também pode ser transmitidas por meio do sexo”, afirmou Museveni num comunicado público.
Não há tratamento para o ebola, que é transmitido pelo contato próximo e por fluidos corporais como saliva, vómito, fezes, suor, sêmen e sangue. As autoridades temem a repetição de um surto de 2000, o mais devastador até hoje, quando 425 pessoas foram infectadas – e mais da metade dos pacientes morreu.
Os trabalhadores do setor da saúde suspeitam que o surto mais recente – confirmado na sexta-feira -irrompeu há cerca de três semanas no vilarejo de Nyanswiga, afirmou Museveni. Inicialmente, os médicos pensaram que os sintomas não fossem típicos do ebola.
Nyanswiga, situado no distrito de Kibaale, fica cerca de 170 quilômetros a oeste da capital, Campala, perto da República Democrática do Congo, onde o vírus apareceu pela primeira vez em 1976. O nome do vírus vem do rio Ebola.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que a origem do surto mais recente ainda não foi confirmada. Até agora, 18 dos 21 casos confirmados estavam ligados a uma família. Uma das 14 pessoas que morreram era funcionária do setor da saúde, Clare Muhumuza. Ela foi transferida para o hospital Mulago, em Campala, onde morreu, o que alimentou temores de que a doença pode se espalhar pela capital de Uganda.
“ESPÍRITOS DO MAL”
Museveni pediu que as pessoas também tenham cuidado na hora dos enterros, dizendo que pessoas foram contaminadas pelo vírus ao enterrar vítimas do ebola porque estas permanecem contagiosas mesmo depois de mortas.
“No caso de alguém morrer do que vocês suspeitam ser ebola, por favor, não assuma o trabalho de enterrá-lo ou enterrá-la, peça para que os funcionários da saúde façam isso, porque eles podem fazer isso de forma segura.”
A ministra da Saúde de Uganda, Christine Ondoa, disse numa entrevista coletiva em Campala que inicialmente as pessoas não buscaram atendimento médico porque pensavam que o vírus era obra de “espíritos do mal”.