Mais uma greve “por tempo indeterminado” poderá eclodir, próxima Segunda-feira (25), no projecto das areias pesadas de Moma, em Nampula, como forma de reivindicar o aumento salarial em cerca de 40% e “igualdade de tratamento” entre assalariados moçambicanos e expatriados.
A greve foi convocada a 19 de Julho corrente durante uma assembleia geral dos trabalhadores do empreendimento, dias depois do encontro entre a Direcção e o Comité Sindical local visando encontrar um entendimento em pontos levantados pelos assalariados que se resumem basicamente no aumento de regalias sociais para todos os trabalhadores nacionais e estrangeiros em igualdade de circunstâncias.
“O que está a acontecer é que a direcção da empresa diz que os sindicatos devem negociar a melhoria das condições sociais dos trabalhadores de baixa renda apenas, conforme preconiza um acordo assinado entre ela e o Governo, mas nós pedimos que nos mostrem tal acordo, porém recusam-se a fazê-lo”, contou ao Correio da manhã Paulo de Oliveira, secretário do Comité Sindical do projecto das areias pesadas de Moma, em Nampula.
Kenmare “espantada”
Solicitado a confirmar estas movimentações preparatórias da greve, Gareth Clifton, representante da Kenmare em Moçambique, proprietária do projecto das areias pesadas de Moma, indicou um seu porta-voz para revelar que a carta dos trabalhadores marcando a greve para 30 de Julho “efectivamente foi recebida, mas espanta-nos que ela tenha sido feita porque a Kenmare tem as portas abertas para continuar com o processo negocial até chegarmos a um acordo com os sindicatos sobre o incremento salarial requerido”.
Acrescentou que as negociações arrancaram nos primeiros dias deste mês de Julho e “a Kenmare tudo tem feito para o alcance de um acordo que satisfaça ambas as partes”.
Quanto à percentagem do aumento salarial posta à mesa das negociações pela direcção desta firma, o informante disse não saber, “mas sei que a direcção está aberta a chegar a um consenso sobre a matéria”, reiterou.
No contacto com o Comité Sindical do projecto, o Correio da manhã apurou que a Kenmare propôs um incremento na ordem de 0,5%, contra os 40% propostos pelos trabalhadores através do sindicato “e esta proposta está sujeita à redução caso a direcção indique as regalias sociais a termos, mas nada disto acontece até hoje”, lamentou aquele sindicalista.
Oliveira justificou a proposta dos 40% de aumento salarial com o facto de a direcção do empreendimento ter publicado que as receitas aumentaram em 83%, em 2011, o correspondente a cerca de 71 milhões de dólares.
“Por que não quer melhorar os nossos salários se em anos anteriores estivemos parados três meses, mas no fim tivemos aumento salarial, mesmo com dificuldades enfrentadas na laboração da empresa?”.
Frisa-se, entretanto, que a última paralisação laboral na empresa teve lugar em 2011, exigindo os trabalhadores melhorias das condições salariais e de trabalho e ainda tratamento igual entre os nacionais e trabalhadores estrangeiros contratados para o projecto.