A crise nuclear japonesa de Fukushima era um desastre possível de se prevenir que aconteceu em consequência da negligência do governo, dos órgãos reguladores e dos operadores da usina, disse um painel de especialistas, esta Quinta-feira (5), ao concluir um inquérito sobre o pior acidente nuclear do mundo em 25 anos.
Os danos causados por um terremoto seguido de tsunami a 11 de Março de 2011, e não apenas o tsunami propriamente dito, não podem ser descartados como causa do acidente, acrescentou o painel.
A descoberta pode ter sérias implicações nas usinas nucleares do Japão, que pretende religar os seus reactores.
O painel também criticou a resposta da empresa operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co (Tepco), dos órgãos reguladores e do então primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, que deixou o poder, ano passado, depois das críticas pela sua reacção ao desastre natural que provou uma enorme crise no país.
“O… acidente na Usina de Energia Nuclear de Fukushima foi resultado de conluio entre o governo, os reguladores e a Tepco, e a falta de governação pelas partes ditas”, disse o painel num resumo do relatório de 641 páginas.
Os reguladores, segundo o painel, foram relutantes em adoptar padrões de segurança globais que poderiam ter ajudado a prevenir o desastre, no qual os reactores foram atingidos provocando despejo de radiação e obrigando 150 mil pessoas a deixarem as suas casas, algumas delas sem jamais poderem voltar.
“A Comissão encontrou ignorância e arrogância imperdoáveis para qualquer pessoa ou organização que trata de energia nuclear. Encontramos negligência de práticas globais e negligência com a segurança pública”, disse o painel.