O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, revogou, esta Terça-feira, a ordem de despejo contra colonos judeus num imóvel em Hebron, cidade ocupada da Cisjordânia onde há grande tensão com os palestinos.
Cerca de 20 colonos instalaram-se, na noite de Quinta-feira passada, no edifício, buscando ampliar um assentamento com cerca de 500 famílias no coração dessa cidade bíblica, onde os palestinos, apesar de serem a esmagadora maioria, são vistos como intrusos pelos judeus.
Os colonos disseram ter adquirido o sobrado dum proprietário palestino, algo que a polícia palestina contesta.
Citando a necessidade de manter a calma, o ministro israelita da Defesa, Ehud Barak, ordenou que os colonos saíssem até as 15h desta Terça-feira.
Mas, segundo o relato duma autoridade israelita, Netanyahu determinou a Barak que desse mais tempo aos colonos, para que eles possam recorrer à Justiça contra o despejo.
Semana passada, o principal tribunal de Israel ordenou a desocupação, até 1º de Agosto, dum assentamento da Cisjordânia construído sem autorização governamental. Até então, o governo pretendia convencer os moradores a saírem voluntariamente.
Embora esteja politicamente forte, Netanyahu enfrenta questionamentos dentro do seu partido Likud e doutros parceiros direitistas da coligação sobre o seu compromisso com os colonos, dos quais muitos consideram estar exercendo um direito inato dos judeus às terras bíblicas.
Ele enfrenta também a pressão internacional para retomar as negociações de paz com os palestinos, que buscam instalar um Estado na Cisjordânia, e cuja cooperação com os israelitas no território está abalada pelo rancor popular contra as expansões dos assentamentos.
Cerca de 500 mil israelitas e 2,5 milhões de palestinos vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, áreas que, junto à Faixa de Gaza, foram capturadas por Israel na guerra de 1967 e são reivindicadas pelos palestinos para a criação do seu eventual Estado.
A maioria das potências ocidentais considera os assentamentos ilegais, mas Israel contesta e diz que manterá alguns blocos relevantes de colónias no caso de um acordo de paz com os palestinos.
Hebron, onde estão sepultados patriarcas bíblicos venerados por judeus e muçulmanos, é uma zona particularmente explosiva.
O parlamentar israelita Zeev Elkin, do partido centro-direitista Likud, disse à Rádio do Exército que os colonos de Hebron adquiriram o imóvel disputado “por uma grande quantia de dinheiro e, portanto, é direito deles viver lá”.
Mas o chefe da polícia palestina na cidade, Ramadan Awad, disse que a transacção não foi válida, uma vez que o imóvel tinha mais de 50 proprietários. A Autoridade Palestina, que tem poderes limitados na Cisjordânia, proíbe a venda de imóveis aos israelitas.