Rivais nos campos de rúgbi, de críquete e no sector de mineração, a África do Sul e a Austrália agora protagonizam uma nova disputa: ambos querem ter o direito de abrigar o telescópio mais potente do mundo.
Os dois países são finalistas duma concorrência para ter no seu território o equipamento, conhecido como SKA (Square Kilometre Array), que será 50 vezes mais sensível e 10 mil vezes mais rápido do que qualquer outro telescópio do planeta, de acordo com o consórcio internacional que financia o projecto de 2 biliões de euros (2,66 biliões de dólares).
A concorrência ficou séria. A África do Sul acusa a Austrália de ilegalidades e os australianos questionaram a segurança de se desenvolver um projecto tão caro na África do Sul, um país com altas taxas de crimes violentos.
A África do Sul acusou a Austrália inclusive de divulgar dados sobre o que deveriam ser deliberações secretas a fim de dar força à sua candidatura.
Reportagens na imprensa australiana sugerem que a África do Sul deverá se sair vencedora menos por razões científicas e mais pelo impacto económico que o projecto terá para as economias emergentes africanas.
“Embora alegue respeitar a integridade do processo de selecção, essa não é uma tentativa muito subtil de enfraquecer o rigor científico e técnico do processo de julgamento do local, ao sugerir que a relatada superioridade da candidatura da África do Sul nada mais é do que uma ‘decisão por compaixão'”, disse o Ministério das Ciências sul-africano, semana passada.
O jornal Sydney Morning Herald relatou, mês passado, que um painel de especialistas recomendou que a África do Sul fosse a anfitriã do telescópio e que a Austrália, numa candidatura conjunta com a Nova Zelândia, não conseguiu convencer o painel.
“Acho que temos uma posição superior e vamos continuar a argumentar e pressionar até que a decisão seja tomada e esperamos que ainda possamos vencer a selecção”, disse o senador australiano Chris Evans, semana passada, numa entrevista colectiva.
As autoridades da África do Sul afirmaram que o país tem know-how científico e capacidade técnica para sediar o projecto, que se estenderia a outros países africanos.