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“Amigos” da Síria pressionam Assad para cumprir as promessas

Os países árabes e do Ocidente pediram, este Domingo, ao enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, que determinasse um cronograma dos próximos passos para persuadir o presidente sírio Bashar al-Assad a encerrar o conflito na Síria, incluindo o retorno da questão ao Conselho de Segurança da ONU, se a matança no país continuar.

O documento da reunião do grupo “Amigos da Síria”, segundo o texto final obtido pela Reuters, também afirma que a janela de oportunidade para Assad cumprir o seus compromissos não ficará aberta indefinidamente.

O grupo reconheceu também o Conselho Nacional Sírio (CSN) como representante legítimo de todos os sírios e como principal interlocutor da oposição junto à comunidade internacional.

Chris Phillips, um especialista sobre o Oriente Médio da Universidade de Londres disse que a reunião em Istambul não foi muito produtiva.

“É mais uma tentativa infrutífera da comunidade internacional, o que reflecte o facto de que eles estão de mãos atadas”, opiniou ele, citando a divergência entre o Ocidente e países da Liga Árabe, como o Catar e Arábia Saudita, sobre armar ou não os rebeldes.

“Eles têm um poder limitado a impor ao regime de Assad” disse Philips, registando o facto de que o apoio do grupo ao plano de Annan tinha, efectivamente, deixado de lado a exigência anterior dos países árabes e do Ocidente para a saída de Assad.

As sanções do Ocidente e da Liga Árabe não conseguiram até agora amenizar a repressão do governo sobre os seus oponentes.

O líder do CNS, Burhan Ghalioun, pressionou os “Amigos da Síria” para fortalecerem o exército rebelde e abrirem corredores de ajuda humanitária.

Ele criticou as potências estrangeiras e a Liga Árabe por não conseguirem chegar a um acordo político contra Assad. “Por isso, o regime sírio tem sido encorajado e continua a massacrar o povo”, declarou Ghalioun.

Num comunicado separado, o CNS solicitou comunicações e equipamentos não letais a favor do Exército Livre Sírio (ELS) e, possivelmente, armas também.

“O fornecimento de armas não é a nossa opção preferencial. Sabemos que ele aumenta os riscos duma escalada que pode transformar-se numa guerra civil, mas não podemos ficar parados a ver o nosso povo a ser massacrado,” dizia a declaração.

Sem trégua para a violência

Os “Amigos da Síria” pediram aos sírios, especialmente aos que servem as Forças Armadas e as agências de segurança, que “não participem nas atrocidades cometidas pelo regime”.

O grupo apelou uma acção internacional para impedir o fornecimento de armas para Damasco e exigiu acesso humanitário, com pausas diárias de duas horas nos confrontos, para que a ajuda possa ser entregue.

A imprensa síria ridicularizou a reunião em Istambul: o jornal Baath descreveu como uma luta “regional e internacional para encontrar maneiras de matar mais sírios para alcançar o grande objectivo de enfraquecer a Síria”.

Cerca de 50 simpatizantes de Assad protestaram à frente do local da conferência, agitando bandeiras sírias, russas e chinesas e carregando cartazes com fotos do líder sírio.

“Alá, Síria e Bashar” e “Abaixo os Estados Unidos”, gritaram até que serem retirados pela polícia. Annan vai informar ao Conselho de Segurança da ONU, Segunda-feira, sobre os seus esforços para acalmar o conflito no qual as forças de segurança síria já mataram mais de 9 mil pessoas, de acordo com a estimativa da ONU, enquanto Damasco diz que os rebeldes já mataram cerca de 3 mil soldados e policiais.

O rebelde ELS disse, Sábado, que ia parar de atirar se Assad retirasse o armamento pesado das aéreas urbanas. Mas Damasco disse que as suas forças precisam de ficar para manter a segurança.

Se o plano de Annan falhar, os próximos passos podem incluir uma volta ao Conselho de Segurança para uma resolução vinculativa, com o aumento da pressão sobre os aliados de Assad, Rússia e China, que aprovaram a missão de Annan de endurecer o diálogo com Damasco.

Caso o ex-secretário geral da ONU dê sinais de progresso, os diplomatas do Conselho dizem que o trabalho pode começar com uma resolução para enviar à Síria entre 200 e 250 observadores desarmados da ONU para monitorar um possível cessar-fogo.

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